O número de utilizadores do Tinder, a aplicação mais popular entre os solteiros, aumentou 221% na Aldeia Olímpica desde que começaram os Jogos Olímpicos do Rio. E o número de matches – quando dois utilizadores gostam do perfil um do outro – duplicou em relação à média do Rio de Janeiro durante o ano inteiro, crescendo 129%. “A aldeia olímpica tornou-se o epicentro mundial de novos encontros virtuais”, disse à VEJA Rosette Pambakian, vice-presidente de comunicação do Tinder.
Tudo isto acontece num recinto que hospeda 10500 atletas de 207 delegações e que disponibiliza de graça quase meio milhão de preservativos (450 mil, o equivalente a 43 preservativos por atleta) – três vezes mais do que nos Olímpicos de Londres e cinco vezes mais do que em Sydney, onde um stock de 70 mil preservativos esgotou.
Há ou não sexo com fartura nos bastidores dos Jogos Olímpicos? A dúvida tem sido estimulada por comentários de atletas – só não se sabe se verídicos. O nadador americano Ryan Lochte contou uma vez que “uns 70, 75%, fazem sexo.” Será um cálculo credível? Tendo em conta que Lochte é agora suspeito de ter inventado ter sido vítima de assalto no Rio de Janeiro, o melhor é duvidar. O próprio assumiu à Cosmopolitan que usava a aplicação. “Ouvi que [o uso do Tinder entre atletas] começou nos Jogos de Inverno em Sochi e pensei “deixa-me cá tentar”. E os resultados? “Dei ‘match’ com muitas mulheres lindas e inteligentes, mas não tive nenhum encontro ainda”, contou, antes do início dos Jogos.
Certo é que já em 1992, em Barcelona, o jogador de ténis de mesa Matthew Syed declarou que tinha tido mais relações sexuais em duas semanas do que na vida inteira. Em 2000, nos Jogos de Sydney, o americano Breaux Greer, do lançamento de dardo, contou que a sua média era de três mulheres por dia. Em 2012, o jamaicano Usain Bolt ter-se-á trancado no quarto com três jogadoras de andebol suecas e Hope Solo, guarda-redes da seleção feminina de futebol dos EUA, disse ter visto atletas a fazer sexo ao ar livre.
Os dados divulgados pelo Tinder levaram A Folha de S.Paulo a fazer um levantamento e a concluir que há pelo menos 47 atletas de 21 nacionalidades com perfil ativo em aplicações direcionadas para solteiros, como o Tinder, o Hapnn e o Grindr. Três destes 47 já conquistaram medalhas em Jogos Olímpicos. O Canadá é o país com mais atletas “ligados”, seguido dos Estados Unidos e Argentina e a aplicação cativa particularmente atletas dos desportos aquáticos. Segundo a Folha, um jogador da NBA usa um nome menos conhecido no Tinder, uma jogadora de voleibol russa e um remador americano dizem ser mais novos do que são e um basquetebolista da Nigéria descreve-se como “tall, dark and handsome” (alto, escuro e jeitoso).
O ciclista holandês Matthijs Buchli, de 23 anos, contou que o uso de aplicações como o Tinder é comum na Aldeia Olímpica. “As pessoas não têm muito que fazer na Aldeia Olímpica. Então passam o dia no telefone, a vasculhar o Tinder.” Poucos ou nenhuns confessam se o uso dá resultados efectivos. Afinal, ninguém quer o mesmo fim que o de Ingrid de Oliveira, a brasileira que compete na modalidade de saltos para a água e que acabou a ser julgada nas redes sociais depois de se saber que dormiu com outro atleta da delegação brasileira e brigou com a colega com a qual fazia dupla na prova de saltos sincronizados nas vésperas de terminar essa prova em último lugar.
Duas contas de Instagram – a @sportsswipe e a @tinderrio – estão a revelar fotos dos atletas que estão hospedados na aldeia olímpica e têm conta no Tinder.