Não vai haver representação russa nas provas de atletismo nos Jogos Olímpicos do Rio de Janeiro, que arrancam dentro de duas semanas. O Tribunal Arbitral do Desporto (TAD), com sede na Suíça, rejeitou esta quinta-feira o recurso da Federação de Atletismo da Rússia e de 68 dos seus atletas, sobre a suspensão de todas as competições internacionais decretada, em novembro, pela Associação Internacional das Federações de Atletismo (o equivalente à FIFA no futebol e conhecida pela sigla IAAF).
O entendimento do tribunal suíço, última instância da justiça desportiva, é o mesmo da IAAF: as fortes suspeitas de um sistema de doping estruturado, com apoio governamental, impossibilitam um grau mínimo de confiança nos atletas russos, mesmo naqueles que não têm qualquer tipo de suspeição a pender sobre as suas cabeças. Por uns, vão pagar os outros – foi este o princípio que prevaleceu, contra a opinião de vários especialistas em matéria de direito desportivo. E para desagrado do Kremlin.
“Lamento que esta decisão se estenda a todos os nossos altetas. Dificilmente se pode aceitar o princício da responsabilidade coletiva”, afirmou o porta-voz do governo russo, Dmitry Peskov, na linha do que disse o ministro do Desporto, Vitaly Mutko: “Infelizmente, abriu-se um precedente da responsabilidade coletiva.”
Elena Isinbayeva, bicampeã olímpica do salto com vara, Sergey Shubenkov, campeão do mundo nos 110 metros barreiras, ou Ivan Ukhov, campeão olímpico de salto em altura em Londres-2012, estão entre os que ficam de fora.
Falta agora saber se haverá algum atleta da Rússia nos Jogos do Rio, uma vez que a exclusão confirmada da delegação de atletismo poderá ser alargada a toda a comitiva russa pelo Comité Olímpico Internacional (COI). O organismo que tutela os Jogos Olímpicos aguardava pela decisão do TAD para tomar posição.
Em cima da mesa está a possibilidade de também o COI seguir a via da responsabilidade coletiva para banir o país todo da competição, por incumprimento de normas definidas na carta olímpica, como a intromissão do governo em atividades que violam os princípios olímpicos. Outra hipótese é a exclusão de mais federações sobre as quais recaem maiores suspeitas, como a de halterofilismo, e a autorização para outras consideradas ‘limpas’ participarem, sendo esta uma solução mais difícil de justificar.
A decisão é esperada nos próximos dias, até porque a cerimónia de abertura está aí à porta.