Duas empresas americanas de biotecnologia vão começar a vender, nos EUA, rastreios genéticos de embriões, em casos de fertilização in vitro. Os planos vão muito além do que se faz hoje (testes para avaliar irregularidades nos cromossomas, por exemplo): as empresas Genomic Prediction e MyOme querem analisar o genoma de cada embrião, antes de ser implantado no útero, e cruzá-lo com os genomas dos pais para avaliarem a possibilidade de vir a sofrer de várias doenças na vida adulta, desde cancro e autoimunes a doenças cardíacas e diabetes.
Estas ofertas são possíveis porque a sequenciação genética é já relativamente barata. Teme-se, no entanto, que se abra uma Caixa de Pandora. Em teoria, é também possível saber, usando a mesma técnica, outras características da futura criança, como a altura e a cor dos olhos e do cabelo – e até, potencialmente, a inteligência (ainda que a compreensão das variantes genéticas responsáveis pela inteligência ainda esteja, por assim dizer, numa fase embrionária). Ambas as empresas garantem que, por razões éticas, nunca irão disponibilizar outros serviços que não a análise à propensão para doenças. Mas, não havendo uma barreira tecnológica, deverá ser uma questão de tempo até essa oferta surgir no mercado.
Ainda que isso não aconteça, progenitores com maior capacidade financeira poderão passar a optar pela fertilização in vitro, mesmo que sejam capazes de conceber naturalmente, e fazer uma “seleção não natural” dos embriões, de forma a optar pelos geneticamente mais “puros”. Isto significa que pessoas mais ricas terão a oportunidade de virem a ter filhos pelo menos mais saudáveis – se não mais fortes, mais altos e mais espertos.