Há precisamente um ano, no dia 17 de novembro de 2015, os 81 colaboradores da empresa Ocyan, ligada à indústria gráfica, receberam um cartão com uma mensagem. O grupo dos não fumadores era felicitado por não fumar. Aos outros era colocado um desafio: deixar de fumar.
Não se tratava de um simples conselho. A empresa sugeria que entrassem num programa antitabágico e assegurava o pagamento de todos os custos – das consultas aos medicamentos.
A proposta era tentadora, mas apenas 10 das 31 pessoas que fumavam na altura aceitaram o desafio. Pelo caminho, ficaram sete desses 10 corajosos. Nenhum deles chegou a terminar o programa, mas três conseguiram deixar de fumar. As desistências deveram-se a uma série de fatores relacionados com a má adaptação aos medicamentos, com o momento em que o programa surgiu ou com a própria privação.
O número até pode parecer curto, mas, para a Ocyan, os três casos de sucesso foram uma vitória. “Para nós, o ‘apenas’ é muito”, diz Daniela Gouveia, dos Recursos Humanos.
Há um ano, 38% dos colaboradores da Ocyan eram fumadores, valor que a empresa considerava bastante preocupante. Já tinham tido casos de pessoas que, depois de deixarem de fumar, reincidiam, por isso, consideraram importante darem-lhes alguma motivação.
Parar ao fim de 35 anos a fumar um maço por dia
Pedro Prazeres é diretor de arte na Ocyan. Desde os 15 que fumava um maço de tabaco por dia até que, este ano, aos 47 anos de idade, decidiu aceitar o desafio da empresa.
Iniciou o programa antitabágico em fevereiro e, no dia 17 do mês seguinte, concretizou o objetivo e deixou de fumar. Celebra hoje oito meses sem acender o cigarro.
Fizemos as contas e, tendo em conta o preço atual, ao fumar um maço de tabaco por dia, durante 32 anos, Pedro gastou cerca de 50 mil euros. Ao ser confrontado com este valor, não evita uma enorme gargalhada. “Esse dado hoje já não é muito relevante, mas é assustador”, reconhece.
Nunca durante esses 32 anos tinha tentado deixar de fumar, porque não se sentia capaz de o fazer sem ajuda. Quando a oportunidade surgiu, não viu outra alternativa senão agarrá-la.
“Acho a iniciativa fantástica. Acaba por ser uma situação em que ganham os dois lados mas, nos dias que correm, não vemos muitas empresas a facultar isto aos empregados. Nesse sentido, considero-me um privilegiado”, afirma Pedro.
A motivação com que se dedicou à “causa” foi o fator mais importante para ter conseguido deixar de fumar. “O primeiro passo tem que passar por nós e depois temos de levar o tratamento a sério e com responsabilidade”, sublinha.