Um dos curadores desta retrospetiva, Pedro Campos Costa, a quem coube pensar o espaço expositivo, resume assim este seu trabalho: “O conceito da exposição é a viagem, e propõe que esta Volta ao Mundo seja feita através de uma arquitetura de experiências, de espaço e de cor. Uma sucessão simples de salas de ‘museu’ onde não existe nem princípio nem fim. Uma viagem sem destino.” Raquel Henriques da Silva, também curadora da exposição, sublinha à VISÃO a importância da gravura na obra do artista, mais reconhecido pelas suas pinturas e esculturas coloridas: “Não é uma coisa menor.” A prová-lo está a constância de José de Guimarães, que investiu nessa técnica ao longo do tempo. Na Biblioteca Nacional de Portugal (BNP), podem ver-se agora cerca de 170 gravuras realizadas entre a década de 60 do século passado e 2018.
Autodidata, José de Guimarães, que cumpre 80 anos de vida no próximo dia 25 de novembro, usou as técnicas da gravura para o seu processo de aprendizagem no mundo das artes. Frequentou os cursos da Sociedade Cooperativa de Gravadores Portugueses (fundada em 1956 e decisiva na arte contemporânea portuguesa do pós-Guerra), onde se cruzou com, entre outros, Almada Negreiros, Júlio Pomar, João Hogan e Bartolomeu Cid dos Santos, e nunca mais deixou de se dedicar a essas práticas, como a litografia e a serigrafia. “Sendo um artista cujas obras atingem cotações muito altas, essa também é uma maneira de tornar peças suas mais acessíveis”, diz Raquel Henriques da Silva.
As séries agora expostas – por núcleos de técnicas e temáticas e não por ordem cronológica – refletem as muitas referências geográficas da vida e da obra do artista: África, Extremo Oriente, Mesoamérica… O lugar desta exposição não é, de todo, um acaso. José de Guimarães decidiu doar à BNP exemplares de todas as suas gravuras, um acervo que ascende a mais de 400 obras.
Biblioteca Nacional de Portugal > Campo Grande, 83, Lisboa > T. 21 798 2000 > até 31 mar, seg-sex 9h30-19h30, sáb 9h30-17h30 > grátis