O registo criativo, a imagem experimental, a visão da intimidade e o olhar antropológico juntam-se na 8ª edição do Family Film Project – Festival Internacional de Arquivo, Memória e Etnografia, organizado pelo Balleteatro, e que acontece desta segunda, 14, até sábado, 19. A cineasta Cláudia Varejão é a convidada desta edição que conta com 26 produções em competição, oito das quais são portuguesas, entre o documentário e obras experimentais, curtas e longas metragens. “É um momento de descoberta, bom para um público curioso”, aconselha Né Barros, coreógrafa e diretora do Balleteatro, sobre o festival que decorre em quatro salas no Porto: Cinemas Trindade e Passos Manuel, Coliseu do Porto e Maus Hábitos.
Catarina Mourão, David Doutel e Vasco Sá, Dídio Pestana, Ivo M. Ferreira, João Salaviza, João Vladimiro, Leonor Noivo e Regina Pessoa assinam as obras cujo registo casa com o foco do festival. O filme Tio Tomás, A Contabilidade dos Dias, de Regina Pessoa, que recebeu o Prémio Especial do Júri, em junho, no Festival Internacional de Animação de Annecy, França, está entre os selecionados (é exibido na quarta, 16, às 21h30, no Cinema Passos Manuel). “Este ano coincidiu termos vários filmes portugueses que cruzam diretamente as nossas temáticas”, diz Né Barros. O aumento de produções nacionais a concurso pode ditar, aliás, a possibilidade de o cinema português vir a ter “um lugar especial” no Family Film Project.
Mas a representação nacional não se fica pelos oito filmes em competição. Depois de João Canijo e Regina Guimarães, nos anos anteriores, a realizadora convidada é Cláudia Varejão que, na sessão de abertura, nesta segunda, 14, no Cinema Trindade, exibe Ama San, considerado o melhor filme português no DocLisboa 2016, tendo sido depois premiado no festival de Sarajevo. Já no Cinema Passos Manuel, na sexta, 18, será exibido o documentário No Escuro do Cinema Descalço os Sapatos (2016), que marca os 40 anos da Companhia Nacional de Bailado, numa sessão precedida de uma conversa entre Cláudia Varejão e Luís Miguel Oliveira. Da realizadora, serão ainda projetadas as curtas Fim de Semana (2007), Um dia Frio (2009) e Luz da Manhã (2012) no sábado, 19.
Para lá das sessões competitivas, no programa paralelo do festival figuram as performances com abordagens à memória, arquivo, corpo e imagens, tanto no ciclo Private Collection (15 out às 19h, Coliseu do Porto), como na masterclass (Re)exposing Intimate Traces, Ethics and the Multilayered Gaze, de Jaimie Baron (18 out às 17h, Cinema Passos Manuel). Tal como o nome indica, este é um festival para toda a família e os mais novos também são contemplados. Na oficina “Imagens lá de casa”, orientada por Joana Nogueira e Patrícia Rodrigues (19 out, sáb às 15h, Coliseu do Porto), trabalham-se as questões da memória e das histórias da família. “Este ano vai ser feito com cinema de animação, para os mais pequenos poderem fazer as suas experiências a partir de materiais recolhidos em casa”, conta Né Barros.
Pela primeira vez, o festival integra uma seleção de curtas do americano (In)appropriation – Found-Footage Experimental Film Festival inteiramente dedicado ao cinema de arquivo (19 out, sáb às 18h30, Cinema Passos Manuel). O Family Film Project volta a reunir profissionais e amadores “para mostrar o olhar que cada autor dedica à questão da intimidade, do familiar, da memória, do lugar e de como tudo isto se torna relevante para partilhar com o mundo”, remata a diretora do festival.
Family Film Projet – Festival Internacional de Cinema de Arquivo, Memória e Etnografia > Cinema Trindade > R. do Almada, 412, Porto > T. 22 316 2425; Coliseu Porto e Passos Manuel > R. Passos Manuel, 137, Porto > T. 22 339 4940; Maus Hábitos > R. Passos Manuel, 178, Porto > 93 720 2918 > 14-19 out, seg-sáb > €3/sessão (exceto filme abertura €6); €12/passe