Será “um Siza a questionar a disciplina, puxando os seus limites e fronteiras”, resume Carles Muro sobre o que se verá na exposição de que fez a curadoria, juntamente com Nuno Grande, integrada nos 30 anos da Fundação de Serralves e nos 20 do Museu (um edifício com a sua marca). Em Álvaro Siza – In/Disciplina, patente até fevereiro de 2020, a maior antológica feita em Portugal sobre o arquiteto que, em 1992, recebeu o Prémio Pritzker, retratam-se mais de seis décadas da sua obra, de 1954 até 2019. Das primeiras quatro casas construídas em Matosinhos (onde nasceu, em 1933) até ao projeto que tem em mãos e com o qual se estreia na América do Norte: uma torre de habitação, em Manhattan, Nova Iorque, que deverá ficar concluída em 2021.
O “universo Siza”, como é conhecida a sua obra entre os seus pares, poderá ser percorrido em quatro salas e um corredor onde é possível ver projetos, maquetes e desenhos originais, cadernos – nos quais tanto se observam esquissos como desenhos feitos durante um jantar de amigos –, a primeira revista que comprou ainda estudante na Faculdade de Belas-Artes, fotos de viagens, vídeos com 26 testemunhos e fotografias de arquitetura emblemáticas na sua obra. Nas duas primeiras salas, em cima da “mesa do arquiteto”, expõem-se as maquetes originais da Piscina das Marés (Leça da Palmeira), do Banco de Vila do Conde (que lhe valeu o prémio Mies van der Rohe, em 1988), da renovação do Chiado (Lisboa), da Faculdade de Arquitetura do Porto, ou, entre outros (muitos ficaram de fora), do edifício no bairro de Kreuzberg, em Berlim, conhecido por Bonjour Tristesse. Também os tetos, tal como na obra de Siza, dialogam com o que estará exposto.
“Nesta exposição, vai perceber-se como ele transporta para a sua obra imensas referências da História da Arquitetura, de outros arquitetos que ele reinventa e dos quais se apropria, quase num sistema de antropofagia cultural”, lembra Nuno Grande. A exposição é a primeira depois de Siza Vieira ter doado o seu espólio ao Canadian Centre for Architecture, em Montreal, Canadá, à Fundação Calouste Gulbenkian, em Lisboa, e à própria Fundação de Serralves, no Porto.
Até fevereiro, a exposição será acompanhada por um programa paralelo de visitas orientadas, conferências, conversas e um ciclo de cinema intitulado Carta Branca a Álvaro Siza.
Álvaro Siza – In/Disciplina > Museu de Arte Contemporânea de Serralves > R. D. João de Castro, 210, Porto > T. 22 615 6500 > 19 set-2 fev 2020, seg-sex 10h-19h, sáb-dom 10h-20h > €10 (só visita ao museu)