Quem diz que a música clássica é aborrecida nunca foi ao Festival ao Largo. A iniciativa, que marca a programação cultural do verão lisboeta, está de regresso ao Largo de São Carlos, no Chiado, com um programa recheado de combinações sonoras. “O que é entusiasmante nesta edição é que temos muitos géneros diferentes de música popular, no sentido de serem conhecidas do grande público, dentro de um festival que é de música clássica. Tem musicais da Broadway, zarzuelas, fado, música popular brasileira e grandes cantores. Isto tudo trabalhado dentro do ambiente da música clássica, razão por que o Teatro Nacional de São Carlos é conhecido”, explica Patrick Dickie, diretor artístico do festival e do Teatro Nacional de São Carlos.
O concerto de abertura, neste sábado, 6, às 21 e 30, é um dos destaques desta edição. “Será uma noite emocionante com a apresentação, em concerto, de Wonderful Town, musical americano de 1953, de Leonard Bernstein. Muita gente não o conhecerá. É também uma ótima oportunidade para ouvir o Coro e Orquestra do São Carlos”, diz Patrick Dickie. Mas há mais para ver e ouvir neste festival que se prolonga até ao final deste mês de julho. Como assistir à prestação do tenor Luis Gomes, vencedor na categoria de zarzuela no concurso internacional de canto lírico Operalia, que teve lugar em setembro do ano passado, no Teatro Nacional de São Carlos. O cantor sobe ao palco no dia 17, na companhia da fadista Teresa Tapadas e da Orquestra do Conservatório Regional de Artes do Montijo, com direção de Ceciliu Isfan. Nos dias 19 e 20, o italiano Andrea Sanguinetti dirige os cantores líricos Cristiana Oliveira (soprano) e Carlos Cardoso (tenor) em Uma Noite de Verismo. “Cada uma destas apresentações é muito, muito especial, tem o seu próprio sabor”, frisa o diretor artístico.
A apresentação da ópera polaca Halka, no dia 9, com direção musical de Jan Tomasz Adamus e o coro e orquestra Capella Cracoviensis, foi uma proposta que chegou à direção do festival. “O encanto de programar um festival como este vem desta combinação entre o que se pensou e as oportunidades que aparecem no decorrer do processo.” No dia 16 é noite de Música Popular Brasileira, um projeto do pianista Eduardo Jordão em colaboração com os Solistas de Lisboa (formado por instrumentistas da Orquestra Sinfónica Portuguesa). Neste concerto, a cantora Luanda Cozetti canta um reportório de música popular brasileira que inclui canções de Edu Lobo, Chiquinha Gonzaga e Tom Jobim, com arranjos para piano e ensemble da autoria de Eduardo Jordão.
O lado sinfónico “muito forte” do festival é, este ano, representado pelas atuações da Orquestra Metropolitana de Lisboa (11 jul, qui 21h30), da Orquestra Sinfónica Portuguesa (12-13 jul, sex-sáb 21h30), da Orquestra Gulbenkian (18 jul, qui 21h30) e da Orquestra Sinfónica Jovem de Macau (21 jul, dom 21h30).
Os últimos dias da programação são inteiramente preenchidos com apresentações da Companhia Nacional de Bailado (CNB). “Decidimos, entre a dança contemporânea e o bailado clássico, apresentar um pouco daquilo que foi o programa da companhia ao longo da presente temporada. Para dar uma oportunidade àqueles que, sendo um público fiel da companhia, não puderam deslocar-se ao CCB e ao Teatro Camões”, diz Sofia Campos, diretora artística da Companhia Nacional de Bailado.
Quem for até ao Largo de São Carlos, nos dias 25, 26 e 27, às 22 horas, vai poder ver assistir a um conjunto de quatro espectáculos. Romeu e Julieta – Pas de Deux e Side Story resultam de convites a bailarinos da companhia – o primeiro a Carlos Pinillos, o segundo a Miguel Ramalho. Estrearam ambas nos Dias da Música, em abril, a convite do Centro Cultural de Belém, e marcaram a estreia da CNB no festival. Lento para Quarteto de Cordas, do coreógrafo Vasco Wellenkamp, e Dom Quixote (II ato – 2ª cena/III ato), de Eric Volodine, completam o programa. “Este ano, optámos por esta configuração para sublinhar esta ideia de que, durante um ano, de facto conseguimos fazer uma programação muito variada e que faz jus àquilo que é a missão da CNB, companhia que tem um reportório vastíssimo entre o clássico e contemporâneo.”, sublinha Sofia Campos. Que começe então o festival.
Festival ao Largo > Lg. de São Carlos, Lisboa > 6-27 jul > grátis