Tornaram-se famosas as séries de televisão que se aventuram, de forma mais ou menos realista, pelos meios dos cartéis de droga mexicanos e colombianos, como os liderados pelo temível Pablo Escobar. Pássaros de Verão, impressionante filme da dupla colombiana Ciro Guerra e Cristina Gallego, tem o condão de recuar no tempo para nos mostrar como tudo isso começou. Leva-nos a um território indígena, na Colômbia, com todas as suas tradições milenares e elementos místicos, supersticiosos, ritualistas. Tudo funciona de forma ancestral, numa sociedade sustentada em práticas antigas. Até que aparece um elemento desestabilizador. O filme mostra-nos que as borboletas que provocaram o furacão da escalada global do tráfico de droga foram uns “turistas” americanos com ar de hippies que galgaram a região, distribuindo folhetos de propaganda anticomunista enquanto ensaiavam, junto dos locais, um pequeno comércio de exportação de droga. O volume de negócios foi crescendo e depois… já se sabe o quanto a ganância pode corromper a alma humana.
Pássaros de Verão conta-nos esta história desde o primeiro momento. Mostra os equívocos e gestos imponderados que provocaram guerras entre famílias e a forma como a gente da cidade soube tirar proveito de conflitos antigos e do irracional desejo de vingança para instalar os seus cartéis. Uma grande produção colombiana que nos leva até à fundação de um temível mundo novo, onde os valores morais da tradição impunemente se invertem.
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Pássaros de Verão > De Cristina Gallego e Ciro Guerra, com Carmiña Martínez, José Acosta e Natalia Reyes > 125 minutos