Depois de Al Berto, uma biografia sensitiva do grande poeta português, Vicente Alves do Ó surpreende-nos com uma comédia romântica, coproduzida pela TVI. Nada contra o género. O problema central de Quero-te Tanto não está numa eventual escassez de elementos cinematográficos mas em algo ainda mais primordial: a falta de qualidade do humor. Uma comédia com pouca graça, que quer viver das expressões caricatas dos atores, mas não dá sequer densidade suficiente às personagens nem desenvolve situações de argumento de forma minimamente conseguida. Isto apesar de contar com alguns recursos, a começar por uma banda sonora de luxo, que inclui hits do rock português que vão desde os anos 80 a Conan Osiris. Além de mais, conta com um notável elenco, com atores secundários como Alexandra Lencastre, Rui Mendes, Dalila Carmo e Paulo Pires.
A história é a de um casal ridicularizado por roubar um baú cheio de raspadinhas, guardado na base da estátua do Marquês de Pombal. Não só a trama é um pouco forçada (mesmo dentro do domínio do absurdo, que não é devidamente explorado) como é desenvolvida sem rasgo, através de uma sucessão de piadas gastas, de um humor de algibeira, facilitista, sem pertinência nem inspiração. À personagem feminina não são dados outros atributos a não ser o de achar muita graça ao seu companheiro, que, por sua vez, faz o papel de tolo, sem que se descubra no ator dotes de humorista. Melhores filmes virão.
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Quero-te Tanto > de Vicente Alves do Ó, com Benedita Pereira, Dalila Carmo, Ana Sofia Martins > 101 minutos