Para os mais distraídos, João Onofre é o artista visual que soltou um abutre no atelier (Untitled, Vulture in the Studio, de 2002) ou o que filmou um piano em chamas (Tacet, 2014), como homenagem a 4’33 de John Cage, a partitura de silêncio apresentada em 1951, ou ainda o arquiteto da iniciativa performática Box Sized Die, em que, inspirado numa escultura minimalista de Tony Smith, literalmente enfiou uma banda de death metal dentro de um cubo de aço isolado até ao limite do oxigénio disponível.
Referenciador da arte conceptual, sublinhador da dimensão performativa e teatral do corpo e dos materiais, fascinado por música e ideias aparentemente simples, privilegiando os mecanismos do loop, a curta duração, a importância da circularidade e da repetição, e a predisposição para entender a arte como um laboratório, João Onofre construiu um lugar singular, como se comprova nesta exposição antológica dedicada a obras produzidas entre 1998 e 2019. Comissariada por Delfim Sardo, reúne vídeos, desenhos, escultura, objetos, peças sonoras, performances… E revela, ainda, uma nova peça, Untitled (zoetrope), concebida especificamente para a exposição.
Once in a Lifetime [Repeat], de João Onofre > Culturgest > R. Arco do Cego, 77, Lisboa > T. 21 790 5155 > até 19 mai, ter-dom 11h-18h > €4