É uma oportunidade única, a que a Sotheby’s e a S. J. Phillips vão proporcionar durante três dias, entre esta sexta-feira, 26, e domingo, 28, na Casa-Museu Medeiros e Almeida, em Lisboa. A leiloeira e o antiquário londrino, um dos mais importantes do mundo na área das joias históricas, pratas e objetos de vertu, mostram Jóias de Portugal: Coleção S. J. Phillips, uma exposição inédita de joalharia antiga portuguesa, composta por 70 peças de rara beleza.
A coleção, reunida ao longo de vários anos pela S. J.Phillips, que sempre se interessou pelas joias portuguesas, nunca esteve em exposição em Portugal, apenas em Londres, nas instalações do antiquário. Foi assim, aliás, que João Távora Magalhães, perito e representante da Sotheby’s em Portugal, teve conhecimento das peças.
“Em Londres, até há pouco tempo, a S. J. Phillips era a porta em frente à Sotheby’s e um dia resolvi entrar. Sabia que havia ali qualquer coisa portuguesa a acontecer, mas o que não estava à espera era de encontrar um conjunto de joias tão importante e de tão boa qualidade”, conta o representante da Sotheby’s. Na hora, João Magalhães decidiu falar com os responsáveis da empresa, os primos Norton, bisnetos do fundador (quarta geração da família), e perguntar-lhes se já tinham mostrado a coleção em Portugal. A ideia agradou-lhes, a exposição tomou corpo e é agora apresentada ao público português na Sala do Lago da Casa-Museu Medeiros e Almeida.
São anéis, pendentes, brincos, adornos de cabelo, guanições de corpete, botões, insígnias que compõem a mostra. A maior parte é montada em prata e tem pedras semi preciosas. Também há peças com diamantes e rubis, mas, naquela altura, as joias portuguesas eram essencialmente adornadas com topázios, crisoberilos e granadas, que eram usados em substituição das pedras mais preciosas, reservadas para peças de maior importância e também muito procuradas pelo mercado internacional (eram exportadas a partir de Lisboa). A maior parte da coleção é composta por joias do século XVIII, mas existem exceções. “Há duas ou três do final do século XVII e algumas do princípio do século XIX”, esclarece João Távora Magalhães.
No conjunto estão duas peças catalogadas como portuguesas, mas que provavelmente são espanholas e uma outra cuja origem estará entre os dois países. “Estamos a falar do final do século XVII, uma fase em que ainda existia muita influência espanhola em Portugal. Estas peças tinham sido classificadas no passado como portuguesas, mas, em discussão com outros peritos, decidimos ser mais cautelosos e dizer claramente que há uma probabilidade grande de serem espanholas. De qualquer maneira, estão incluídas na coleção e vão ser apresentadas pela qualidade e valor histórico”, explica Távora Magalhães.
A Insígnia da Ordem de São Bento de Avis, adornada de crisoberilos, é uma das suas preferidas. Extremamente rica, cheia de pedras e brilho forte, era uma peça masculina usada pelos cavaleiros desta Ordem. O responsável da Sotheby’s em Portugal também destaca o conjunto de botões de casaca, decorada na mesma pedra da Insígnia. “Imaginar usar aqueles botões é fantástico. É como se fossem diamantes.”
A exposição Joias Portuguesas: Coleção S. J. Phillips começou a ser preparada em outubro do ano passado, período durante o qual foi também desenvolvido um catálogo em conjunto com a especialista em joalharia e historiadora Diana Scarisbrick. A publicação da Sotheby’s, editada em inglês, será lançada durante a exposição. Segundo João Távora Magalhães, “não se trata propriamente de um daqueles catálogos habituais de uma exposição. É um livro para guardar que pode servir de base para mais estudos nesta área e para promover o conhecimento sobre a joalharia portuguesa, em particular destas 70 peças que serão aqui apresentadas”.
Jóias de Portugal: Coleção S. J. Phillips > Casa-Museu Medeiros e Almeida, R. Rosa Araújo, 41, Lisboa > T. 21 354 7892 > 26-28 mai, sex-dom 10h-17h30 > grátis