Na segunda metade da década de 90, em plena implosão do grunge e da então (uma vez mais) anunciada morte do rock, Rob Garza e Eric Hilton assumiram-se como as figuras de proa de um novo tempo, como era anunciado no álbum de estreia do duo americano, Sounds from the Thievery Hi-Fi, editado em 1997. A par de nomes como Kruder & Dorfmeister, Sofa Surfers ou Rockers Hi-Fi, os Thievery Corporation eram os arautos de um futuro, em que a eletrónica parecia querer de vez assumir o lugar cimeiro no Olimpo da pop.
Rob e Eric conheceram-se no bar Eighteenth Street Lounge, em Washington D.C., do qual o primeiro era coproprietário. A paixão comum por estilos como o dub, o jazz ou a bossanova levou-os a aventurarem-se num projeto onde tudo isto coubesse, mas de uma forma que tornasse estas sonoridades mais retro em algo totalmente novo. E foi o que fizeram nos anos seguintes, em inúmeras compilações de remisturas, nas quais reinventaram a obra de artistas como Wes Montgomery, Sérgio Mendes, João Gilberto ou Tom Jobim – uma das suas mais assumidas influências.
O segundo trabalho de originais, The Mirror Conspiracy, surgiria apenas em 2000, seguindo-se, dois anos depois, The Richest Man in Babylon, dois discos que os tornaram estrelas à escala planetária, à boleia de canções como Lebanese Blonde ou State of the Union, feitas de uma mistura de estilos como dub, jazz, rap, reggae e até música indiana. Foi o início de uma longa viagem musical pelo mundo, cantada em línguas tão diferentes como inglês, português, espanhol, francês, italiano, persa ou hindi, e materializada em dez álbuns de originais, cuja mais recente etapa é a Jamaica, o país em destaque no novo disco The Temple of I & I, editado poucos dias antes deste regresso dos Thievery Corporation a Lisboa.
Thievery Corporation > Coliseu dos Recreios > R. das Portas de Santo Antão, 96, Lisboa > T. 21 324 0580 > 15 fev, qua 21h > €30 a €36