É a fuga, tema que já esteve presente na edição do ano passado, que serve, este ano, de fio condutor à KINO – Mostra de Cinema de Expressão Alemã, que começa esta quinta-feira, 19, em Lisboa, e terá depois extensões no Porto e em Coimbra. “Não uma fuga sinónimo de evasão planeada, mas um fugir mandatório e involuntário”, explica Corinna Lawrenz, programadora desta 14.ª edição. “Seja uma demanda pelos sonhos desfeitos, uma corrida pela própria vida ou uma tentativa de recuperar alguém que dela fugiu.” Cada vez mais abrangente no que a países participantes diz respeito, o festival transporta a internacionalidade para dentro do pequeno ecrã, com muitos filmes rodados fora da Alemanha e até fora da Europa.
A sessão inaugural faz-se, esta quarta, 19, às 21 horas, com a exibição de Fukushima, Meu Amor, a mais recente obra da realizadora alemã Doris Dörrie, que estará presente no Cinema São Jorge. O filme, que estreou na secção Panorama da Berlinale – Festival Internacional de Cinema de Berlim, em 2016, segue uma jovem alemã, Marie, na sua viagem para o Japão, onde conhece a última gueisha de Fukushima.
Iniciativa do Goethe-Institut, em colaboração com as embaixadas dos vários países participantes (Alemanha, Áustria, Suíça e Luxemburgo), a KINO procura ser uma montra dos filmes mais relevantes dos festivais de cinema alemão. “Existe uma lacuna muito grande entre os filmes que passam em festivais e aqueles que chegam aos circuitos dos cinemas ditos mais comerciais”, defende Corinna Lawrenz.
Além das secções Mostra Principal, KINOdoc e Curtas, existe ainda um programa especial dedicado aos mais novos – o Mostra para Escolas. Em Novas Perspetivas, dedicada às obras de estreia de novos talentos do cinema, destaca-se Aloys, a primeira longa-metragem do suíço Tobias Nölle, que lhe valeu o Prémio FIPRESCI na secção Panorama da Berlinale – Festival Internacional de Cinema de Berlim de 2016. O filme, que acompanha Aloys Adorn, um rapaz que perde o pai e acaba preso entre a realidade e devaneios surrealistas, passa no Cinema São Jorge, no domingo, 22, às 21 horas.
Também Fado, uma co-produção luso-alemã rodada inteiramente em Portugal, está inserida na secção Novas Perspetivas. O primeiro filme do jovem realizador Jonas Rothlaender apresenta-nos Fabian, um médico alemão que acaba de chegar a Lisboa, com a intenção de reconquistar a sua antiga namorada, Doro. A longa-metragem foi distuinguida com o Prémio Ophüls para Melhor Realização e é exibida no sábado, 21, às 21 horas, numa sessão no Cinema São Jorge, com a presença da atriz principal, Luise Heyer, e de elementos da equipa de produção portuguesa e alemã.
Para o final está guardada a estreia absoluta de Stefan Zweig – Adeus Europa, filme de Maria Schrader. A biografia do escritor austríaco, que há-de estrear nas salas de cinema portuguesas a 23 de fevereiro, aniversário da morte do autor, tem duas datas agendadas na KINO: a sessão de encerramento, terça, 24, às 21 horas, no Cinema São Jorge, e uma sessão especial para escolas e universidades, na quarta, 25, às 11 horas, no Goethe-Institut. No grande ecrã, mais uma fuga – a de um homem, exilado e angustiado, que perdeu a sua pátria e se debate em busca de uma nova.
Ao olhar para a programação, Corinna Lawrenz percebeu que esta edição da KINO tem uma grande presença de realizadoras mulheres, um acaso que acabou por se tornar, de forma involuntária, num outro fio condutor da mostra de cinema. “É uma tendência que me deixa bastante feliz e que gostaria que se repetisse no próximo ano”, diz a programadora.
Cinema São Jorge > Av. da Liberdade, 175, Lisboa > T. 21 310 3402 > 19-24 jan > €3,50 a €4 > Goethe-Institut > Cp. dos Mártires da Pátria, 37, Lisboa > T. 21 882 4510 > 23-25 jan > grátis a €4 > Teatro Rivoli > Pç. D. João I, Porto > T. 22 339 2201 > 26-29 jan > €3,50 > Cinema Passos Manuel > R. Passos Manual, 137, Porto > T. 22 203 4121 > 27-29 jan > €3,50 > Teatro Académico de Gil Vicente > Pç. da República, Coimbra > T. 239 855 630 > 1-3 fev > grátis a €3,50