Há um novo inquilino no número 10 de Downing Street. Harold Wilson (Jason Watkins), um “rufia” como o próprio se classifica, está seguro de que o país se fartou da confusão deixada pelos conservadores: preços de terrenos e de casas a subir, tumultos raciais, escândalos sexuais, desemprego generalizado, rejeição da CEE e défice comercial anual de 800 milhões de libras. Em 1964, corriam rumores de que seria um espião do KGB infiltrado no governo, mas, afinal, o espião andava pelos corredores do Palácio de Buckingham. A Anthony Blunt, conservador da Pinacoteca Real, foi oferecida a imunidade total até este se reformar em 1972. Winston Churchill sofreu um novo AVC e morre após estas eleições gerais no Reino Unido, ganhas pelos trabalhistas. “Temos de enfrentar o vento frio do socialismo, mais uma vez”, avisou o estadista. Com a morte do antigo primeiro-ministro, Isabel II fica sem o seu anjo da guarda.
Os novos dez episódios de The Crown, série vencedora de dois Globos de Ouro e de oito Emmy, vão – em conjunto com a quarta temporada, em 2020 – de 1964 até 1977, com o jubileu de prata, em que se comemora os 25 anos da coroação da rainha. A necessidade de envelhecer as personagens levou à entrada de um novo elenco, encabeçado por Olivia Colman – quando, em fevereiro, recebeu o Oscar de Melhor Atriz no papel de outra rainha, Ana de Inglaterra, em A Favorita, já as gravações de The Crown tinham terminado. Helena Bonham Carter (princesa Margarida), Tobias Menzies (duque de Edimburgo), Josh O’Connor (príncipe Carlos), Marion Bailey (rainha-mãe) dão vida aos protagonistas.
O casamento real perde destaque para as relações entre a princesa Margarida e lord Snowdon e o príncipe Carlos e Camilla Parker-Bowles. Externamente, trata-se o processo de descolonização de África e das Caraíbas. “Este país era grande quando subi ao trono. Sob a minha guarda, só desmoronou”, desabafa Isabel II. Mas a irmã relembra-a de que, em monarquia, os problemas são camuflados. Antes e sempre.
The Crown T3 > Netflix > Estreia 17 nov, dom