É em pleno crash da bolsa de Nova Iorque, no fatídico ano de 1929, que reencontramos a família Shelby. À quinta temporada, é notável a ascensão social do clã de origem cigana de Birmingham, em Inglaterra. Thomas Shelby (Cillian Murphy) é, agora, deputado na Câmara dos Comuns, mas tal não significa que tenha abandonado os seus negócios clandestinos. Aliás, a Grande Depressão irá obrigá-lo a ser criativo e a descobrir novas (e perigosas) fontes de receitas ilegais para recuperar a fortuna perdida. A crise económica também abre caminho à ascensão do fascismo. O grande vilão desta temporada é inspirado no real fundador do partido fascista britânico, Sir Oswald Mosley, personagem malévola brilhantemente interpretada por Sam Claflin (Piratas das Caraíbas, Os Jogos da Fome). A intenção do criador da série, Steven Knight, parece ter sido a de fazer ressoar no presente os avisos sobre os extremismos do passado.
Mais do que nunca, Thomas Shelby sente-se à beira de ser destronado e os ataques à sua liderança vêm de todas as direções – incluindo da própria família, que nunca antes vimos tão dividida –, lembrando o shakespeariano Ricardo III. Tudo isto acontece ao mesmo tempo que é obrigado a confrontar-se com os seus traumas, numa época em que a psicanálise dava os primeiros passos – Grace Shelby (Annabelle Wallis), a sua mulher brutalmente assassinada, é uma presença fantasmática ao longo dos seis episódios. Vencedora do prestigiado prémio BAFTA de Melhor Série Dramática, em 2018, é o drama psicológico que, muitas vezes, eleva a saga acima das exaltantes cenas de violência entre gangsters (que, atenção, conseguem ser notáveis momentos coreográficos). A curadoria da banda sonora desta temporada esteve a cargo da compositora e guitarrista britânica Anna Calvi. Black Sabbath, Bob Dylan, Joy Division e uns extraordinariamente certeiros Idles foram algumas das suas opções.
Poderá o estratega Thomas Shelby, agora, dar-se ao luxo de ter boas intenções? É certo que haverá sangue, mas no peito de um gangster também bate um coração.
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