Baz Luhrmann pode não saber nada sobre hip hop, mas não temos dúvidas de que o realizador australiano sabe muito sobre música e movimento. Já o provou com Romeu e Julieta (1996), Moulin Rouge (2001) e O Grande Gatsby (2013). E agora volta a fazê-lo com The Get Down.
Diz Nelson George, um dos primeiros jornalistas a escrever sobre hip hop e consultor nesta nova série, que este género musical é uma mistura de sons e beats e que todos os filmes de Luhrmann são precisamente uma mistura de vários estilos. The Get Down, já com os primeiros seis episódios disponíveis no Netflix (são 12 no total), marca a estreia em televisão do realizador. Este ano, depois de Vinyl, a série coproduzida por Mick Jagger e Martin Scorsese, recentemente cancelada, também The Get Down faz o retrato da Nova Iorque de final da década de 70 do século passado, à beira da falência mas com uma das cenas musicais mais inovadoras do planeta.
Ao contrário de Empire, que traça o panorama atual da indústria do hip hop, The Get Down viaja até aos últimos dias do disco sound e à origem do hip hop. Para Luhrmann, a série não é especificamente sobre o nascimento do hip hop, mas sim a história de um grupo de jovens num dos momentos mais criativos que o mundo já viu. As rivalidades entre gangues, os tiros à queima-roupa, os graffiti e as drogas, por um lado, as bolas de espelhos, o brilho dos vestidos dourados e prateados, os discos de vinil e a música, por outro. Para recriar todos estes ambientes muito contribuiu o guarda-roupa e a caracterização da responsabilidade de Catherine Martin, coprodutora, designer e mulher do realizador: calças à boca de sino, colarinhos compridos e frondosas cabeleiras afro. Dos atores, só Jaden Smith (Dizzee Kipling), filho dos atores Will Smith e Jada Pinkett Smith, e Jimmy Smits (Francisco “Papa Fuerte” Cruz) são mais mediáticos. Mas, fazendo jus aos seus desempenhos, tanto Justice Smith (Ezekiel “Books” Figuero”) como Herizen Guardiola (Mylene Cruz) se preparam para dar cartas na ficção internacional.