Numa época em que a moda é rapidez e consumo, a francesa Hermès está a criar objetos que saem fora desse loop. Afinal, é isso que representam carteiras-fetiche como a Birkin ou a Kelly, símbolos cada vez mais solitários de uma elegância para a qual pouco importam as tendências da estação ou o número de likes. O Petit h, plataforma que reúne as diferentes vertentes do savoir-faire da marca francesa num só lugar, é uma arca de tesouros que põe artesãos e designers a conversar sobre objetos e as suas funções. O resultado viaja pelo mundo, mas tem sempre uma paragem obrigatória, que este ano será Lisboa, onde chega nesta quinta-feira, 6. “A escolha das cidades deve ter uma razão, um sentido, contar sempre uma história, e Lisboa evoca uma noção de descoberta, os grandes exploradores, os grandes navegadores”, resume Godefroy de Virieu, diretor criativo do Petit h desde janeiro de 2018, em entrevista à VISÃO Se7e.
Cada peça começa com um pormenor ligado à Hermès ou com a descoberta de um novo território. Trabalhadores especializados em selas de couro, ourives, vidreiros e costureiros são desafiados a juntar-se a designers e artistas de várias áreas para criar qualquer coisa de novo. Com o objetivo de receber as últimas peças, a artista e arquiteta portuguesa Joana Astolfi, que há muito colabora com a Hermès, transformou o primeiro andar da boutique da marca, no Chiado, num mundo de curiosidades. “A escolha da Joana era óbvia, ela tem um olho, um jeito de apresentar os objetos sem os revelar”, sublinha De Virieu. Além de ver, os visitantes vão também tocar e manipular, participando em ateliers criativos nos quais poderão construir as suas próprias peças com a ajuda da artista Isabelle Leloup.
O Petit h, esta espécie de campo de forças criativo onde as novas ideias se exploram sem caixas nem amarras, foi fundado por Pascale Mussard em 2010. Godefroy de Virieu, que já fazia parte do grupo antes de assumir a direção, quer continuar a reforçar a ideia da peça como experiência e a juntar perspetivas e ofícios. “A noção de utilidade continua a ser muito importante; não fazemos objetos de arte, mas objetos que têm uma função e também provocam emoções”, explica. Sem pressas, nem modas.
Petit h > Hermès, Lg. do Chiado, 9, Lisboa > T. 21 324 2070 > 6-29 set, seg-sáb 10h30-19h30