Pode a luz transformar e dar mais vida ao património cinzento do Centro Histórico do Porto? Com o projeto ALUMIA, pode. Depois do Manobras e do Locomotiva, a cidade volta a ser território de intervenção e diálogo com o património, agora, sob a alçada do programa ALUMIA, também ele promovido pela empresa municipal Porto Lazer, e cujo primeiro momento coincide com os 20 anos da classificação do Centro Histórico do Porto, esta segunda-feira, 5. O programa comemorativo abre com o repicar dos sinos de várias igrejas e monumentos que habitam a área classificada, ao meio-dia e durante vinte minutos, em uníssono. Recupera-se assim a iniciativa que marcou o anúncio oficial da UNESCO, em 1996, há precisamente 20 anos.
Ao final da tarde, a partir das 17 horas, o olhar foca-se na ponte Luiz I, outro monumento classificado, para ver uma performance de dança acrobática, executada a partir de um trapézio suspenso no tabuleiro superior da ponte. Segue-se a inauguração de LUiZ, uma instalação inspirada na ligação entre a cidade, o rio e os seus habitantes, cujas luzes passam a acender-se diariamente, às 17h30. É também a essa hora que, esta segunda-feira, 5, vamos conhecer as primeiras seis instalações do programa ALUMIA. Para a segunda fase, onde cabem mais sete projetos artísticos, já decorre a convocatória aberta, estando a inauguração prevista para 25 de março do próximo ano, no Dia Nacional dos Centros Históricos.
Pensadas por artistas e coletivos da cidade, as primeiras seis instalações artísticas a ocupar (e iluminar) o espaço público formam um percurso de luz para uma nova leitura do território classificado e da sua paisagem envolvente. O passeio terá início no Jardim da Cordoaria, onde se encontra Kaleidotree, do coletivo Openfield Creative Lab. Integrado nas árvores tal como um “fruto”, que à noite se transforma e brilha com magia, a peça é um convite à experiência noturna e ao despertar do imaginário ligado à infância.
A dois passos, no Largo do Amor de Perdição, junto à Cadeia da Relação, encontra-se Eclipse, do estúdio criativo FAHR 021.3, assumido como um estranho objeto que interfere com a leitura do lugar. O mesmo acontece junto aos Clérigos com Every Wall is a Statement, de Tiago Casanova, inspirado no património construído e entretanto desaparecido, no qual foram utilizados mais de 1500 azulejos.
Seguimos para o Largo dos Lóios para ver de perto Start, uma criação de Diogo Aguiar Studio, que explora a escala urbana da envolvente, para na paragem seguinte observar Whells, a intervenção de Isabel Barbas, criada em conjunto com a Cooperativa Árvore, que se acomodou na Estação de São Bento, e procura relacionar o espaço público cosmopolita com as viagens, o movimento e a circulação. A fechar o percurso está a peça Elegia, de Garcia e Albuquerque, que explora a luz através de plataformas circulares instaladas em algumas empenas do Bairro da Sé. As visitas guiadas pelo Serviço Educativo do projeto ALUMIA prolongam-se até 8 de janeiro.
No programa desta segunda-feira, 5, está ainda a apresentação do livro Porto Património Mundial 20 anos| 20 imagens, e um debate sobre o valor universal das cidades Património Mundial moderado pelo professor Álvaro Domingos, na Biblioteca do Seminário Maior, às 18h30.
ALUMIA (visitas guiadas percurso da luz) > 6 dez-8 jan (exceto 24, 25, 31 e 1 jan), qua, qui e dom 17h20, 19h > sex, sáb e vésperas feriados 17h20, 19h, 21h, 22h30 > grátis (inscrição: alumiaservicoeducativo@gmail.com)