Nascidos no início dos anos 80, os norte-americanos Violent Femmes têm passado boa parte da sua carreira a tentar desmentir o mito de que só têm uma música, a omnipresente e ainda irresistível Blister in the Sun. Depois de um longo hiato, regressaram nesta década e agora apresentam Hotel Last Resort, o seu décimo disco e o segundo desta “nova vida”.
Ouvindo os 13 temas deste novíssimo álbum, não há lugar para qualquer estranheza. Sob a liderança do carismático vocalista e guitarrista Gordon Gano, os Violent Femmes nunca foram banda de grandes ruturas sonoras. O formato continua a ser semiacústico – uma espécie de punk-folk, como alguém disse no início da sua carreira – com espaço para as letras estarem bem à frente e assumindo o protagonismo.
Gano tem explicado que muitos destes temas são antigos e, por uma razão ou outra, foram ficando para trás. Ou não faziam sentido temático num dos discos anteriores ou faltava algum pormenor com o qual o conjunto não estava satisfeito. Ora, agora as músicas estão prontas e trazem uma bem-vinda fornada de Violent Femmes, mais uma vez andando entre a comédia, a observação do dia a dia e momentos mais profundos.
Se isto é uma boa notícia, também há outras menos abonatórias. Sendo agradável, o material está longe da qualidade imediata e clássica dos discos iniciais da banda – nomeadamente os imprescindíveis quatro primeiros. Não há aqui nada de particularmente errado, mas também não encontramos muitas canções maiores do que a vida.
Um álbum novo de Violent Femmes em 2019 pode ser uma relativa bizarria, mas tem pelo menos uma nobre função: deixa-nos cheios de vontade de revisitar clássicos como o disco homónimo de estreia, de 1983, ou o sucessor Hallowed Ground, logo do ano seguinte, onde está a verdadeira magia.
Hotel Last Resort é o décimo disco da banda, e apenas o segundo desde que voltou juntar-se. Os 13 temas são um misto de músicas antigas nunca gravadas e de outras de agora, mas ao ouvi-las ninguém diria, tal a homogeneidade do universo sonoro dos Violent Femmes.