Apesar de se terem estreado em 2011 com o EP Winterlies, os Best Youth não têm correspondido em quantidade (leia-se: discos) à qualidade da sua música. Até agora, a produção do duo composto por Catarina Salinas e Ed Rocha Gonçalves limitava-se ao álbum conjunto com os We Trust, There Must Be a Place (2012), e Highway Moon (2015), o primeiro longa-duração em nome próprio, a confirmá-lo desde logo como um dos mais interessantes projetos da nova geração da pop nacional, facto comprovado não só pelos elogios da crítica (tanto nacional como internacional) como pelo público presente nos concertos da extensa digressão que se seguiu. Três anos depois, a banda está de regresso com Cherry Domino, um registo inspirado em ambientes oitentistas, embora não os mais óbvios, como os que têm alimentado o mercado musical da nostalgia. A exemplo de nomes como Twin Shadow e Blood Orange, em vez de revivalismo, a banda portuense apostou num revisionismo (sem qualquer sentido pejorativo) feito à luz destes novos tempos − algo a que, à falta de melhor termo e de forma algo redutora, se convencionou chamar bedroom pop. Cherry Domino resultou de um retiro musical realizado em 2017, no Alentejo, “no meio do nada, sem internet”, coincidente com a morte de Prince, facto que acabaria por servir de inspiração ao disco, de produção própria e feito apenas com recurso a sintetizadores e caixas de ritmos. No final, foram nove os temas escolhidos para construir um universo introspetivo e melancólico, feito a partir de uma filosofia “do it yourself” em que a estética funciona como espelho de uma ética e a partir da qual os Best Youth conseguiram criar um álbum compacto e hermético que, coisa rara por estes dias, apetece ouvir sempre do princípio ao fim.
Dois dos nove novos temas dos Best Youth, presentes no álbum Cherry Domino, tiveram colaborações exteriores: Nightfalls, gravado e produzido em Brooklyn, por Patrick Wimberly (dos Chairlift) e Part of the Noise, coproduzido por Luís Clara Gomes (Moullinex)