Poucos artistas haverá como Josh T. Pearson, com mais de duas décadas de carreira e tão pouca produção discográfica. Além do seminal álbum The Texas-Jerusalem Crossroads, lançado em 2001 enquanto membro dos Lift to Experience, apenas editou em nome próprio, e já lá vão sete anos, o muito elogiado Last of the Country Gentlemen, que tornou famosa a sua figura esguia, sempre vestida de preto, de cabelo comprido e longas barbas a bater-lhe no peito, em tudo condizente com a imagem de trovador country amargurado, cujas músicas misturavam amores e desamores, religião e uma certa dose de confissão, resultante de um coração partido. Entretanto, tudo mudou na vida e, consequentemente, na música de Josh T. Pearson – para melhor? Aparentemente sim. “Nos últimos anos, aprendi a dançar, a tomar drogas, a fazer amor… Escolhi viver”, revelou recentemente o cantor, que pelo meio cortou barba e cabelo e começou a usar roupa colorida. Um dos momentos decisivos dessa viragem, que lhe apontou o novo caminho musical, foi a eleição de Donald Trump para Presidente dos EUA. “Nunca tinha visto o país tão dividido. Senti a responsabilidade de fazer algo, de espalhar alguma alegria através da minha música”, disse em entrevista ao site da sua editora, a Mute.
Assim surgiu este The Straight Hits, álbum feito em apenas três dias, com a premissa de que teria de ser muito direto, como se percebe pela inclusão da palavra “straight” no título de todos os dez temas. A Love Song (Set Me Straight), por exemplo, é uma balada de amor feita segundo a velha tradição americana; não só é um dos mais belos momentos do disco mas também o melhor símbolo da nova vida deste velho pregador, que deixou de vez para trás os desertos texanos para vir correr o mundo com a sua boa nova.