“É como se eu me sentasse ao teu lado, pegasse na guitarra, e começasse a tocar”, explica Mac DeMarco acerca do álbum This Old Dog, o sucessor de Salad Days (2014), que o colocou no radar da música alternativa. É neste ambiente intimista que o músico de 27 anos revela o seu lado mais autorreflexivo, sem perder a frescura musical que associamos a uma tarde à beira-mar ou em qualquer outro local que se preste a horas de preguiça. Os teclados e sintetizadores, fundamentais na sua identidade sonora, contribuem para este ambiente de felicidade melancólica. A influência da guitarra acústica foi buscá-la a Paul Simon e James Taylor, mas também o som da mítica banda japonesa de música eletrónica Yellow Magic Orchestra o acompanhou durante a gravação.
Mac DeMarco compôs e produziu This Old Dog, além de tocar todos os instrumentos que se ouvem no disco. A sua persona excêntrica aparece, agora, sem quaisquer máscaras ou artifícios. “Uma grande parte do ‘partyboy’ que existia em mim hoje está morto”, assumiu em entrevista à revista francesa Les Inrockuptibles, mas isso não significa que tenha perdido o seu “olhar de criança”. O mesmo olhar de quem entrou no universo da música através da banda-sonora de videojogos como GTA ou de quem sentiu com os The Beatles um “choque musical”.
O seu pai ausente é o destinatário das canções que abrem e encerram o disco. “Oh, no, looks like/I’m seeing more of my old man in me”, assusta-se ao olhar-se ao espelho no tema This Old Dog. Já em Watching Him Fade Away, escrita quando o pai estava gravemente doente (acabaria por recuperar), confessa a dor de o ver partir apesar de mal o conhecer. Os sete minutos de Moonlight on the River trazem guitarras hipnóticas a fazer lembrar o shoegaze – afinal, nem tudo se resume a sintetizadores. This Old Dog representa o fim de um ciclo que o levou a mergulhar no seu lado mais negro. DeMarco parece sair pacificado. E quem o ouve, mais otimista.
Veja aqui o vídeo de This Old Dog