Ainda hoje, qualquer biblioteca que se preze tem alguns destes volumes pretos e pequenos, ornados de belas capas com ilustrações oníricas criadas por artistas como Cândido Costa Pinto e Lima de Freitas, provavelmente muito gastas nos seus cantos. A Vampiro, histórica coleção de bolso dedicada ao policial clássico, teve início em 1947 e sobreviveu até 2007, publicando uma nova história a cada mês. Quantas coleções recentes podem gabar-se de ter mais de 700 livros nas suas fileiras? Através da Vampiro, os leitores tiveram acesso a detetives fleumáticos, mulheres fatais, mistérios intrincados, crimes resolvidos pelo poder da dedução (e uma ou outra cena de tiroteio) – tudo aquilo que criou o cânone, hoje mais dominado por dramas existenciais, procedure científico e um interminável catálogo de serial killers. Uma das razões para o êxito duradouro da Coleção Vampiro passou pela publicação de autores de policiais de primeira água. O primeiro número foi Poirot Desvenda o Passado, de Agatha Christie. Seguiram-se-lhe Raymond Chandler, Dashiell Hammett, Rex Stout, Erle Stanley Gardner, Ellery Queen, Georges Simenon, Mickey Spillane, Dorothy L. Sayers…
O reencontro com vários destes mestres cumpre-se, agora, numa fórmula de apelo vintage: a nova Coleção Vampiro regressa, ainda no formato de bolso, recriando a identidade gráfica, mantendo a acessibilidade de preço, recuperando autores e repescando nomes novos. Uma aventura editorial iniciada com Os Crimes do Bispo, de S.S. Van Dine, protagonizado pelo detetive Philo Vance, traz um mistério associado a lengalengas infantis e um criminoso que gosta de enviar cartas aos jornais. Depois, há Vivenda Calamidade, de Ellery Queen, primeiro volume da sua série passada na cidade imaginária de Wrightsville. Os próximos títulos serão dois clássicos muito amados: O Imenso Adeus, de Raymond Chandler, e O Falcão de Malta, de Dashiell Hammett. Para ler sem culpa, com muito prazer.
Os Crimes do Bispo, de S.S. Van Dine (328 págs., €7,70) e Vivenda Calamidade, de Ellery Queen (344 págs., €7,70), são mais um capítulo na recuperação do património literário da Livros do Brasil, adquirida pela Porto Editora.