Estamos no tranquilo bairro das Amoreiras, em Lisboa, na guesthouse Casa Amora e, enquanto aguardamos pelo anfitrião Juan, o nosso olhar curioso distrai-se na cozinha, perto da salinha de espera, e depois nas loiças da Bordallo Pinheiro, que fazem lembrar a casa das avós. Também nos entretemos a observar a cozinheira Nita, que anda de volta dos sumos e dos bolos, para servir ao pequeno-almoço. E é com esta são-tomense de 43 anos, de lenço à volta da cabeça, a combinar com as toalhas das mesas, e sorriso generoso, que nos perdemos na conversa, numa viagem ao sabor das saudades e da comida de São Tomé e Príncipe, a sua terra natal. “Cozinhar é o que eu mais gosto de fazer, e aprendi com a minha mãe”, explica. E acrescenta: “Em África, desde muito novas, temos de ajudar as mamãs que vão trabalhar bem cedo para os campos”. Já na mesa do encantador terraço, desperta-se o paladar com a prova dos bolos à fatia (de banana, de maçã ou de chocolate, por exemplo), feitos com fruta e ovos biológicos, e do pão da Eric Kayser, que barramos com as compotas caseiras, entre outras iguarias que acompanham o verde da paisagem. Em certos dias, também há arroz-doce, bastante apreciado por quem ali pernoita e que Nita diz levar “sal e mais umas coisas só minhas”. Juan, que entretanto se aproxima, acrescenta outro ingrediente especial: “É feito com amor.”
Agora, é a vez de o anfitrião sul-africano mostrar os recantos da Casa Amora, composta por cinco quartos e seis estúdios, que se estendem por dois prédios, dos proprietários Luís Capinha e João Canilho. Os nomes dos quartos prestam homenagem a Lisboa e ao seu lado mais artístico, através de figuras que marcaram a cultura portuguesa. Seguimos visita pelos três quartos duplos: no da poetisa Florbela Espanca, o olhar cola-se à banheira de ferro fundido; no da fadista Amália Rodrigues, a varanda privada pisca-nos o olho e, no de Beatriz Costa, os tons fortes lembram a energia contagiante da atriz. Nos quartos individuais, podemos escolher o Fernando Pessoa, com o teto original de estuque e uma pequena biblioteca privada. Lá dentro, há de tudo um pouco, principalmente a alma de uma cidade artística e boémia.
No check-in, cada hóspede recebe um telemóvel com o contacto da Casa Amora, disponível a qualquer hora, 30 minutos de chamadas diárias e gratuitas, acesso ao serviço Uber, Google Maps, TripAdvisor e informação sobre Lisboa, selecionada pela casa (onde comer e beber, o que visitar).
Casa Amora > R. João Penha, 13, Lisboa > T. 91 930 0317 > a partir de €130