Foi o último engarrafamento dos 2 300 litros de Bastardinho de Azeitão que restavam nas caves da José Maria da Fonseca. Trata-se de um lote de diferentes colheitas, entre 40 e 80 anos, que diz tudo sobre um dos vinhos mais emocionantes do país e mais raros do mundo, o Bastardinho, autêntica preciosidade da Península de Setúbal. Está no mercado para consumidores afortunados (em todos os sentidos).
Porquê o fim? Porque as uvas da casta Bastardo que davam origem a este vinho provinham de vinhas plantadas na margem sul do Tejo, entre a Charneca e a Costa da Caparica e o Lavradio, as quais cederam à pressão urbanística e foram arrancadas, na década de 80. A última tonelada de uvas destas vinhas com cerca de 90 anos que a José Maria da Fonseca recebeu foi da vindima de 1983. E sem aquelas uvas não se faz Bastardinho de Azeitão. Durante muito tempo produziu-se o 20 anos, depois o 25, mais tarde passou-se ao 30, devido ao envelhecimento das bases, e no desfecho da saga do Bastardinho fez-se o lote de 40 anos, que é a sua coroa de glória. Diz o enólogo Domingos Soares Franco, responsável pelo vinho, que este é “ainda mais voluptuoso, complexo e completo que o lote anterior”, constituindo “um dos tesouros mais preciosos do imenso património dos vinhos fortificados nacionais”, pelo que merece “ser apreciado com grande rigor e solenidade”. Além do mais, o Bastardinho de Azeitão 40 Anos é o “verdadeiro canto do cisne de um generoso de referência”. O seu fim deixa um travo amargo, único de sinal menos que lhe pode ser apontado.
Bastardinho de Azeitão Vinho Licoroso 40 Anos
Vinho licoroso feito de uvas da casta Bastardo (Trousseau), oriundas de vinhas da Península de Setúbal que já não existem. Após longuíssimos anos de envelhecimento, os últimos 2 300 litros deram origem a um lote de diferentes colheitas, entre 40 e 80 anos. Daí resultou este espantoso vinho de cor âmbar muito carregada com auréola verde e fundo vermelho; aroma elegante e complexo com notas de frutos secos, mel e cravinho; paladar delicioso, misto de suavidade e de frescura, com a acidez e o açúcar em perfeito equilíbrio; final muito longo, desejavelmente interminável.
Pode ser servido como aperitivo ou vinho de sobremesa a 16º C. Quanto à longevidade, atente-se no esclarecimento do produtor: “Este vinho foi submetido, no seu envelhecimento, a um processo natural de oxidação. Assim, não existe evolução após engarrafamento. Se o armazenamento da garrafa, após aberta, for feito de modo correcto, este vinho manter-se-á idêntico por muitos anos”. €250