O restaurante do hotel PortoBay Liberdade foi, talvez, o primeiro a afirmar-se inequivocamente fiel à bistronomia, movimento inovador de origem francesa que “representa a fusão de bistrô com alta gastronomia, resultando numa cozinha de alta qualidade e acessível”. Visava, pois, apresentar ao mesmo tempo requinte, sabor e simplicidade. E conseguiu. Tinha, aliás, todas as condições para isso, quer materiais, com as magníficas instalações num hotel construído de raiz (mas sem destruir as fachadas dos palacetes do princípio do século XX preexistentes, coisa infelizmente rara na cidade), quer humanas, com a arte dos chefes Benoît Sinthon (duas Estrelas Michelin no restaurante Il Gallo d’Oro, do Funchal) e João Espírito Santo (executivo). Além da sala ampla, sóbria e acolhedora tem um pátio agradabilíssimo, mas só quando está bom tempo.
Na carta notam-se influências francesas, mormente na técnica, portuguesas, sobretudo nos sabores, e apontamentos brasileiros. Ao elenco principal de pratos, cujo ciclo é primavera/verão e outono/inverno, somam-se sugestões da época, entre as quais sobressaem os petiscos: cinco ou seis frios, como o filete de sardinha ou o escabeche de lingueirão, e outros tantos quentes, como as codornizes panadas, as conchas de amêijoas ou de berbigão, o escabeche de foie gras ou os croquetes, com os quais se pode compor a refeição. Juntam-se-lhes as entradas, algumas já inamovíveis, como as lapas na frigideira e a tábua de charcutaria (salsichão, patê, paleta pata negra e cornichons). Nos pratos principais, destacam-se “o bacalhau que queria ser à Brás”, versão original da célebre receita, sobressaindo a sua cremosidade; o “filete de espada preta”, em lombinhos corados com textura firme, crosta estaladiça e um molho delicado; o “peixe da costa em crosta de gremolata”, clássico francês de gosto refinado; o “bife da vazia grelhado”, carne de novilho com crosta de pimenta ou molho de manteiga; a “costeleta de vaca com flor de sal (carne maturada na casa, de 30 a 50 dias) de textura suave e sabor profundo; e a “barriga de leitão crocante”, entre outros. Excelente doçaria, de que são exemplos a “trouxa de maracujá” com panna cotta de banana, o “Paris-Lisboa-Funchal” com massa choux, creme do pastel de nata e bolo de mel, tipo Paris Brest, e os “couscous de coco” com tártaro de abacaxi e lima. Menu executivo, de segunda a sexta-feira, ao almoço (entrada, prato, sobremesa e café, €22) e brunch ao domingo (€29 adultos, €14,5 crianças até 12 anos). Muito boa garrafeira. Serviço profissional.
Bistrô4 > R. Rosa Araújo, 8, Lisboa > T. 21 001 5700 > seg-dom 12h30-15h, 19h-22h30 > brunch: domingo 12h30-15h > €35 (preço médio)