É traiçoeira: ganha-nos a confiança, fazendo-nos baixar a guarda; é implacável; e sobretudo é silenciosa. Terá sido por isso que ninguém se apercebeu do desaparecimento de um menino de oito anos nas águas da Marina de Oeiras, ao fim da manhã de segunda-feira, 13, logo após ter participado numa aula de vela, organizada pela câmara local, com um grupo de crianças do concelho. Ninguém se apercebeu do mínimo pedido de ajuda de David.
A investigação, a cargo da Polícia Marítima, vai tentar perceber o que aconteceu (por exemplo, saber se havia pelo menos um monitor por cada seis crianças, como manda a lei relativa aos campos de férias, para menores de dez anos.) Mas a presidente da Associação para a Promoção da Segurança Infantil (APSI) vê aqui um caso típico de afogamento. “Normalmente, não há pedido de ajuda e é tudo muito rápido.” Sandra Nascimento lembra que o colete salva-vidas deve ser posto antes de se entrar no barco e retirado apenas após a saída. “Conheço um caso de uma criança que escorregou da mão de um adulto, à entrada, e desapareceu logo nas águas escuras.” É essa outra característica da água: num só segundo, leva uma vida inteira.
Como proteger os seus filhos
A APSI e a Aliança Europeia para a Segurança das Crianças têm longas listas de conselhos para evitar os afogamentos. Aqui ficam alguns dos mais importantes:
- Inspecione o local de férias; garanta que não há acesso fácil a reservatórios ou corpos de água
- Esconda a tampa do ralo da banheira
- Em atividades aquáticas, assegure que as crianças têm sempre um colete salva-vidas vestido
- Na praia e junto à piscina, as braçadeiras são fundamentais
- Menores com menos de 45 quilos não devem andar de caiaque sozinhos
- Lembre-se que o álcool prejudica a capacidade de atenção e de nadar
- Acima de tudo, nunca reduza a vigilância: uma criança não esbraceja nem grita ao cair à água
Os últimos casos
Esta não é a primeira criança a morrer nas águas portuguesas este ano.
– Uma criança de seis anos afogou-se na Praia da Foz do Lizandro, em Mafra, a 8 de maio. Os pais perderam o contacto visual do filho por alguns momentos.
– Um rapaz de 16 anos foi encontrado morto no dia 20 de maio, na Cova do Vapor, Costa da Caparica, uma semana depois de desaparecer nas águas da praia de Santo Amaro de Oeiras
– Uma criança inglesa de três anos perdeu a vida na piscina de uma residência privada num resort em Óbidos, a 30 de maio.
– Um menino de três anos morreu afogado na piscina de uma moradia privada em Lagos, no dia 1 de junho. Terá escapado à vigilância dos pais.