Muitas vezes considerada, a par da Google, como a melhor empresa para se trabalhar, o Facebook parece um sonho: Trabalhar numa espécie de mini-cidade com lojas de roupa, cafés, restaurantes; Um sítio onde se pode fazer exercício e trabalhar ao mesmo tempo; Pausas para praticar ténis de mesa; Máquinas de vending, mas que em vez de chocolates e sumos, vendem headphones, ratos para computador, teclados, carregadores de telemóvel, etc; E para além destas regalias todas, só os estagiários recebem em média 5150 euros mensalmente.
Mas desengane-se quem pensa que não há queixas dentro de uma empresa assim. Engenheiros informáticos, developers e fontes anónimas, que estiveram ou ainda estão a trabalhar no Facebook, revelaram no Quora (uma comunidade online de perguntas e respostas) as experiências de que menos gostaram.
São essas declarações que o Business Insider compilou, com a ressalva de se tratarem de opiniões de um grupo pequeno e não de toda a comunidade de trabalhadores da rede social.
Seis semanas duras
São seis semanas em que os engenheiros responsáveis pela manutenção do serviço têm de estar contactáveis. “Nessas semanas não saí da cidade ao fim de semana; tinha de ter a certeza que não abusava nas saídas à noite; e, mais importante, ter sempre comigo um telemóvel com bateria caso fosse preciso ser contactado, 24 horas por dia, mesmo se estivesse a dormir”, conta um engenheiro do Facebook, que se identifica como Keith Adams.
A falta de um muro
“Na maioria das empresas, as pessoas erguem um muro entre a personalidade do trabalho e a pessoal”, diz um engenheiro do Facebook que preferiu permanecer no anonimato. Com a política de encorajar os funcionários a serem “eles mesmos” a empresa carece de “profissionalismo em comparação com outras empresas”.
Pouco foco no trabalho de equipa
O objetivo de “causar impacto” do Facebook “faz com que toda a força laboral se concentre em ganhos pessoais e não no sucesso da equipa como um todo”, explica, em anonimato, um antigo trabalhador da empresa. “Os gestores estão tão concentrados neles próprios e em questões de política e de quem gosta de quem, que pouco tempo é focado nas pessoas”.
Falta de uma “infraestrutura funcional”
Os empregados dizem que “torna-se difícil criar atividades para uma equipa de 4000 pessoas, mais do que numa equipa de 500”. Como a empresa cresce de uma forma exponencial, nunca houve, alegam, uma preocupação com a “organização”
“Não te queixes do Facebook a mim só porque trabalho no Facebook”
A mulher de um antigo trabalhador da rede social diz que o marido era constantemente alvo de reclamações em relação ao Facebook, por parte de amigos e família, só porque trabalhava na empresa. “Como sou “esposa” do Facebook, a minha ajuda era solicitada muitas vezes para resolver questões de privacidade da rede social. Isto porque, como sou casada com um funcionário da empresa, tenho de saber como funcionam as coisas.”
Como Adam Sandler
Um antigo funcionário diz que o Facebook é uma grande empresa tecnológica mas qua ainda atua como uma empresa recém-nascida. “É como os filmes do Adam Sandler em que ele é velho mas quer agir como um adolescente”, ironiza o ex-funcionário.
“Não vais ganhar milhões ou construir uma nova e excitante empresa”
Neste caso, o utilizador lamenta que embora possa seja “uma empresa muito porreira”, os funcionários são apenas funcionários e estão contribuir para a construção de um sonho… de outra pessoa.
“Foi provavelmente a minha pior experiência profissional até à data”
“Como contratado – substituí uma pessoa em licença de maternidade – fui temporariamente encaminhado para dois dos piores líderes com que alguma vez interagi”, reclama um antigo trabalhador da enorme rede social.
“O tom de voz usado pelas pessoas era de menosprezo e de hipocrisia”
De acordo com um ex-funcionário, os seus colegas eram tudo menos boa companhia. “Eram snobes, malcriados para as pessoas fora do ‘grupo’ e francamente ríspidos”.
“As instruções não eram claras. Era tudo um jogo de adivinhas e eu fui imediatamente escolhido para falhar”
Depois de ter passado por um plano rigoroso de treino de dez dias, um antigo funcionário diz que a equipa nem se preocupou em comentar o seu trabalho. “Despedi-me no momento”.
“Olham demasiado para a Google”
Apesar de não trabalhar na empresa, um utilizador do Quora, que afirma ser convidado para palestras no Facebook, diz que não existe nenhum fator interessante. “Muitas vezes parece que se concentrem demasiado na Google em vez de se preocuparem com as suas forças e a sua própria missão.”
“Esqueçam a comida e as bebidas de borla, o local de trabalho é horrível”
“Quando existem salas enormes, cheias de filas e filas de mesas estilo ‘piquenique’ com pessoas sentadas ombro a ombro num espaço confinado com seis centímetros a separar as secretárias, não existe privacidade. É assim que se guarda o gado”, lamenta um funcionário da empresa multimilionária.
“Já vi decisões serem tomadas decisões por estagiários”
Engenheiros, designers no intervalo para o almoço e até estagiários tomam decisões importantes “sem dizerem nada aos seus chefes”, conta Philip Su, um programador do Facebook.
“Quando nos apercebemos que a empresa não tem futuro pelo ecrã do telemóvel”
“Algo não bate certo quando, diariamente, recebemos queixas de utilizadores que dizem que a aplicação para telemóvel não presta”, disse um antigo colaborador ao Quora. A aplicação móvel é conhecida por gastar a bateria dos smartphones e por ser “desajeitada”. “Eventualmente vamos perder utilizadores para outras redes sociais móveis.”
“Nunca deixamos realmente o trabalho, nem mesmo quando estamos de férias”
Sunayana Sen, antiga funcionária do Facebook na Índia, diz que mesmo quando não estão a trabalhar… estão. “Constantemente”. “Desde que existem grupos no Facebook para cada equipa, as notificações nunca acabam e nós nunca deixamos o trabalho”.
“Número inacreditável de e-mails internos, 1600 ou mais por dia”
Um antigo funcionário do Facebook, Thomas Moore, queixa-se da quantidade de e-mails internos recebidos por dia. Moore tem “saudades dos dias” em que as pessoas, quando questionadas acerca do Facebook, perguntavam: “Facebook? O que é isso?