A fotografia de “Um funeral em Gaza” foi submetida a concurso por Paul Hansen (em exposição, em Lisboa), com a informação de ter sido tirada a 20 de novembro do ano passado. Mostra duas crianças mortas, nos braços dos tios, na sequência de um ataque israelita em Gaza. Desde cedo, a imagem se viu envolta em polémica pela utilização de Photoshop para a tornar mais “cinematográfica”.
No entanto, as acusações de manipulação têm vindo a subir de tom e agora juntam-se as de um reputado especialista em análise de imagens que, a confirmarem-se, podem pôr em causa a própria atribuição do prémio: não se tratará de uma, mas sim de três imagens, tiradas em datas diferentes.
“Não consigo dizer qual é a imagem ou imagens originais, mas posso dizer que esta fotografia não é original”, escreve Neal Krawertz, no blog Hacker Factor .
Este especialista especifica que o evento em si – o funeral em Gaza – não é falso. Mas a foto premiada será uma composição de três imagens diferentes. A primeira foto foi aberta em Photoshop no dia 20 de novembro, dia que foi captada. Uma segunda imagem terá sido acrescentada a 4 de janeiro e, uma hora depois, uma terceira. Meia hora depois, a versão final era gravada. O prazo para a submissão dos trabalhos era 17 de janeiro.
Para Krawertz, Hansen terá tirado várias fotografias e, mais tarde, apercebendo-se que a mais dramática estava demasiado escura e com sombras a mais, decidiu juntar outras e mexer no brilho.
“A foto de Hansen é uma composição. O World Press Photo deste ano não foi dado a uma fotografia, mas a uma composição digital que foi significativamente retrabalhada”, assegura Krawertz.
As regras do World Press Photo determinam que as imagens submetidas a concurso sejam uma fotografia e não uma composição.
Segundo o site da RTP, Paul Hansen ainda não entregou à organização o ficheiro “raw”, única forma de provar que a imagem resultou efetivamente de um disparo.