A ENTREVISTA DIVIDA POR TEMAS:
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A sucessão
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A vida do tour
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A pressão de ser português… em Portugal
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O fim do sonho
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Os amigos do tour
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A relação com Kelly Slater
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A vantagem psicológica
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As duas divisões do surf
AS FOTOS:
A questão psicológica é determinante?
Sim. Os surfistas não costumam falar muito disto nas entrevistas mas o estar bem é muito uma questão mental. Mas fisicamente também me sinto bastante forte.
O que é que o descansa tanto ao nível psicológico?
Tem a ver com a autoconfiança. A minha vida pessoal está ótima e estável. Tem, também, a ver com a forma como nos vemos, de fora para dentro. Se acho que sou um Tiaguinho ou um Tiagão.
Neste momento, o que é que vê quando se olha ao espelho?
Um Tiagão. Mas houve alturas do ano em que me via diminuído. Esta confiança é muito importante é o que faz a diferença.
Passar grande parte do ano fora de casa ajuda ou complica?
Pode funcionar para os dois lados. Estar fora também me distancia de alguns problemas. Outras vezes a saudade começa a aparecer e tenho mesmo que vir a casa. Nunca estou mais de 3 semanas fora. Basicamente, a minha rotina é viajar para os campeonatos, voltar a casa e, se tiver tempo, vou para o ginásio. Quando não tenho, passo muito tempo dentro de água, a testar pranchas. No meio disto tenho alguma vida social, que me dá equilíbrio emocional.
Há cerca de 2 anos contava-nos que tinha uma namorada. Ela tem algo a ver com o desejo de passar mais tempo em casa?
Sem dúvida.
Quais são os vossos planos para o futuro?
Assumimos o noivado, uns meses, e vivemos juntos, há alguns anos. É uma pessoa que me dá muita força e uma peça importante da minha vida.
Pensa casar-se, em breve?
Não temos planos, ainda.
Antes de entrar na água, consegue um isolamento total e completo da que se passa na praia – muitas vezes com amigos de infância e até a sua mãe a dar-lhe apoio. Como consegue passar por eles como se fossem transparentes?
Na psicologia do desporto chama-se a isso entrar na bolha. Uma bolha onde só existimos nós e o mar. É um momento importante. É o que nos permite focarmo-nos 100% na nossa tarefa. Foi algo que aprendi ao longo da vida e que não tem a mesma eficácia em todos os campeonatos. Às vezes deixamo-nos perturbar com pequeninas coisas exteriores e a bolha fica mais sensível. Às vezes é bom ter uma música, para nos deixar isolados.
Qual é a sua banda sonora de isolamento?
Tenho muitas. Oiço desde música eletrónica mais pesada, como Justice. Mas também gosto muito de Radiohead. É uma música que me relaxa, ao mesmo tempo que me dá alguma “pica”.
Qual a música que ouviu antes do polémico heat com Kai Otton?
Não ouvi. Foi um heat no final do dia e estava pouca gente na área dos competidores, o que ajuda bastante a concentração. Não senti necessidade de ouvir música porque o nosso espaço estava muito tranquilo.