Em lingala – o dialeto local – Bana Congo significa Crianças do Congo. Na sua fase inicial, em 2012, era voltado para os meninos que acudiam ao hospital para frequentar o programa de nutrição. Além de desnutridos, muitos eram órfãos e sem meios para enfrentar as dificuldades de saúde e escolaridade.
Sabendo que a música tem efeitos benéficos no desenvolvimento cognitivo, emocional, psicológico e social, a portuguesa Tânia Trindade não descansou enquanto não pôs mãos à obra. “Temos de fazer alguma coisa”, dizia diariamente quando chegava a casa – e não conseguia pregar olho.
Regressada ao Congo havia pouco mais de um ano, ela que nascera em Matadi, na zona oeste do país, decidiu então erguer o Bana Congo, um projeto gratuito e aberto a quem o quisesse frequentar. “Nem podia mandar embora quem já não estivesse no programa alimentar, boa parte daqueles meninos não tem mais nada a não ser uma bola de trapos…”, conta a jovem de 35 anos, engenheira aeroespacial de profissão e com formação musical.
Atualmente, a escola de música tem cerca de 60 jovens – mas o projeto vai muito além da aprendizagem dos instrumentos ou de canto. “Gera também um grande sentimento de unidade e pertença”, assume Tânia, depois de contar a grande aventura que viveram no final do ano passado: foi quando souberam que iriam partilhar o palco com Joss Stone, que andava em digressão pelo mundo. E antes da sua chegada à capital do país, Kinshasa, fizeram-lhe um vídeo de boas-vindas.