A sonda da NASA foi lançada em agosto de 1977 a partir do Cabo Canaveral, Florida, 15 dias antes da sua gémea, a Voyager 1. Desde então, tem estado a afastar-se da Terra e há cerca de um ano cruzou a fronteira do nosso sistema solar (a Voyager 1 fê-lo há seis anos porque seguiu uma trajetória diferente e a maior velocidade).
Numa série de artigos agora publicados na Nature Astronomy, os investigadores que a acompanham confirmam a sua chegada ao espaço interestelar, percetível por um “salto” na densidade do plasma – passou do “plasma quente e de baixa densidade do vento solar para o plasma mas frio e de alta densidade do espaço interestelar”.
Um dos objetivos dos astrónomos é compreender como os ventos solares (a corrente de partículas carregadas emitidas pela nossa estrela) interagem com os ventos interestelares (com partículas de outras estrelas)
“Estamos a tentar entender a natureza da fronteira onde estes dois ventos colidem”, explica Edward Stone, professor de Física no Instituto de Tecnolgia da Califórnia e antigo diretor do Jet Propulsion Laboratory da NASA.
Para já, os astrónomos já têm mas mãos pistas valiosas sobre a estrutura da heliosfera, a vasta bolha que envolve o sistema solar. Segundo Bill Kurth, investigador da Universidade americana do Iowa e um dos autores de um dos estudos, já se sabe, por exemplo, que a heliosfera é simétrica em, pelo menos, dois pontos. Noutro dos artigos agora publicados, conclui-se que junto à tal fronteira, o ambiente é mais quente do que pensava, com uma temperatura entre os 29 mil e os 49 mil graus Celsius.
Outra novidade é a presença de “camadas” nessa região – os cientistas sabiam da camada interior, mas a exterior só se tornou evidente depois de a Voyager 2 chegar ao espaço interestelar.
Os astrónomos estão a contar que dentro de cinco anos as fontes de alimentação a plutónio das duas sondas deixem de funcionar, levando à “morte” dos seus instrumentos e transmissores. Mas as Voyagers, essas, “vão viver mais do que a Terra”, acredita Kurth.