A experiência Labeled Release (LR) tinha como objetivo testar o solo de Marte em busca de matéria orgânica e, segundo o principal investigador, os resultados das amostras recolhidas pela sonda Viking foram claros e indicavam a presença de vida.
Num artigo publicado na última quinta-feira da Scientific American, Gilbert V. Levin escreve que, na altura, a equipa obteve um total de quatro resultados positivos para a deteção de respiração microbial no planeta vermelho. “As curvas [de dados] de Marte eram semelhantes às dos testes de solos na Terra. Parecia que tínhamos respondido à derradeira questão”, recorda o cientista, que continua a explicar que, no entanto, sem ter sido possível detetar matéria orgânica, “a NASA concluiu que a LR tinha encontrado uma substância que simulava a vida, mas não a vida”.
“Inexplicavalmente, mais de 43 anos depois da Viking, nenhuma das sondas subsequentes levou um instrumento para a deteção da vida em Marte para dar seguimento a estes resultados empolgantes”, critica Levin.
Na experiência nos anos 70, a Viking colocou nutrientes em amostras de solo marciano. Se houvesse vida, os nutrientes seriam consumidos e haveria vestígios gasosos do funcionamento do metabolismo dos seres vivos, que monitores radioativos seriam capazes de detetar. Para garantir que se tratava mesmo de uma reação biológica, a experiência foi repetida mas depois de “cozinhar” o solo a temperaturas que seriam letais. Se houvesse uma reação metabólica antes mas não depois, isto sugeriria a ação de forças biológicas e foi, segundo o antigo cientista, precisamente o que acconteceu.
Posteriormente, outras experiências não encontraram qualquer material orgânico e a NASA acabou por classificar aqueles primeiros resultados como falsos positivos, atribuíveis a uma reação química desconhecida.
Em 2018, a Curiosity encontrou matéria orgânica e, na semana passada, sedimentos que sugerem a existência, outrora, de lagos salgados na superfície do planeta.
“Que provas há contra a possibilidade da vida em Marte?”, escreveu Levin. “O facto espantoso é que não há nenhuma.”