Segundo o Centros de Controlo e Prevenção de Doenças (CDC) dos Estados Unidos, muitos dos casos estão associados à vaporização de THC, o principal ingrediente ativo da canábis. É a segunda pessoa que morre nos EUA desta doença aguda causada pela vaporização, após em agosto deste ano se ter registado a primeira morte.
Ann Thomas, oficial de saúde de Oregon, alega não ser claro o que causou a doença pulmonar na mais recente vítima – se contaminantes que se podem ter infiltrado no dispositivo, se ingredientes do liquido que se vaporiza, se o próprio vaporizador. Esta terá sido hospitalizada há alguns meses “aparentemente saudável e ficou muito doente de repente”, tendo depois falecido em julho. O Departamento de Saúde do Estado de Nova Iorque avançou, entretanto, uma possível ligação entre a doença pulmonar e um óleo derivado da vitamina E, que foi encontrado em quase todas as amostras de produtos de canábis vaporizados pelas mais de 200 pessoas que sofreram este alegado efeito secundário.
Apesar de não haver uma resposta para a verdadeira natureza desta doença pulmonar aguda, todos os casos estão relacionados com a vaporização. Os afetados exibiam sintomas como tosse, falta de ar e fadiga. Em alguns casos mais severos, observaram-se vómitos e diarreia. Nenhuma bactéria ou vírus foram identificados como a causa da doença.
Alguns pontos de venda de canábis medicinal vendem também artigos com THC “não oficiais” passiveis de ser utilizados em vaporizadores e cigarros eletrónicos. São estes artigos não regulamentados que a American Vaping Association aponta como a origem da doença.
Contudo, Brian King, do CDC, alerta que a vaporização não é algo totalmente saudável. “Sabemos que os cigarros eletrónicos não emitem um aerossol prejudicial”, disse. No entanto, “foram identificados uma série de ingredientes prejudiciais, incluindo partículas ultrafinas, metais pesados como o chumbo e químicos causadores de cancro”. A juntar a esta lista de potenciais perigos encontra-se também o diacetil, um aroma artificial utilizado nos fluidos de vaporização que confere um sabor a “manteiga” e que foi ligado a “doenças do trato respiratório severas”.
Vários estudos alertam para os problemas que podem estar associados à vaporização: em 2016, um pequeno estudo concluiu que os fluidos de vaporização com nicotina causam inflamações e danos nos tecidos pulmonares. Outro estudo de 2017, publicado no American Journal of Respiratory and Critical Care Medicine concluiu que tanto os fumadores de tabaco convencional como de cigarros eletronicos apresentamvam sintomas de stress oxidativo, associado a doenças pulmonares. Mais, os fumadores de cigarros eletrónicos apresentavam proteínas no trato respiratório associadas ao aparecimento de doença pulmonar obstrutiva crónica (DPOC). No ano passado, um outro estudo em ratos de laboratório concluiu que a exposição a vapor de cigarro eletrónico causava danos genéticos nos pulmões, bexiga e coração.
King alerta ainda para a possibilidade de existirem mais casos de doenças pulmonares causadas por vaporização que “não foram capturadas a tempo”, ao serem anteriores ao início da investigação. Pelo menos duas pessoas no mundo morreram devido à explosão de cigarros eletrónicos.
Em Portugal não existem relatos de problemas pulmonares causados pelo uso de cigarros eletrónicos.