Segundo um novo estudo da Universidade McMaster, no Canadá, as tempestades tropicais são responsáveis pela destruição de florestas, pela reestruturação radical de habitats… e pelo aumento da agressividade nas aranhas.
“É tremendamente importante entender o impacto ambiental destes eventos meteorológicos extremos na evolução e na seleção natural”, afirma Jonathan Pruitt, biólogo evolutivo e principal autor do estudo. “À medida que o nível do mar sobe, a incidência de tempestades tropicais vai apenas aumentar. Precisamos agora, mais do que nunca, de lidar com os impactos ecológicos e evolucionários que estas tempestades significarão para os animais não-humanos”, acrescenta.
Para chegar a estas conclusões, os investigadores examinaram várias colónias femininas da aranha Anelosimus studiosus – também conhecida como aranha-social – que vive ao longo da costa do México e dos EUA, por onde costumam passar os ciclones tropicais que se formam no Atlântico de maio a novembro.
Os cientistas tiveram de antecipar as rotas das tempestades para conseguirem retirar amostras das aranhas antes da chegada dos ciclones e 48 horas depois. Obtiveram amostras de 240 colónias ao longo das regiões costeiras e compararam-nas a amostras de controlo, de outros locais. Focaram-se principalmente em perceber se os temporais extremos enalteceram alguns traços particulares da aranha.
Enquanto espécie, a aranha-social pode ser dócil ou agressiva. A agressividade de uma colónia é determinada por uma série de fatores, entre eles o número de aranhas e a velocidade com que atacam as presas, a tendência a canibalizar ovos e aranhas macho e a vulnerabilidade a ataques de outras aranhas predatórias. As colónias agressivas são melhores a angariar comida quando esta escasseia, por exemplo, mas são ao mesmo tempo mais propensas a lutas internas quando privadas de comida por longos períodos de tempo, ou quando a colónia sobreaquece.
“É provável que as tempestades tropicais impactem ambos os fatores, ao alterar o número de presas voadoras e ao aumentar a exposição solar, graças a uma camada de sombra protetora mais aberta”, explica Pruitt. “A agressividade é passada de geração em geração nestas colónias, dos pais para os filhos, e é um fator muito importante para a sua sobrevivência e capacidade de reprodução”.
Os investigadores concluíram que, após a passagem de um ciclone, as colónias mais agressivas conseguiram produzir mais ovos e fazer com que mais crias sobrevivessem até ao inverno. O resultado foi consistente entre várias tempestades com tamanhos, durações e intensidades variadas, o que sugere que os efeitos observados nas aranhas sejam respostas evolutivas.
A confirmarem-se estes resultados, uma das consequências das alterações climáticas (que deverão fazer aumentar a frequência e a intensidade de fenómenos climáticos extremos, como tempestades) é que teremos aranhas mais agressivas.