São quase duas mil povoações que, ao abrigo do programa “Aldeia segura – pessoas seguras”, a ser implementado desde 2018 em vários municípios, receberam o kit de emergência de que se fala esta sexta-feira. No seu interior, encontra-se um apito, uma lanterna, uma bússola, coletes refletores e umas golas, alegadamente, antifumo. Mas estas, segundo a sua composição – 100% polyester – são, na verdade, feitas de material inflamável.
Em declarações à Lusa, um representante da empresa fornecedora do material assume que o mesmo não está preparado para combate aos incêndios, mas também que o pedido por parte da ANEPC não foi feito também nesse sentido. “O que posso dizer é que o equipamento não é para ser utilizado no combate aos incêndios”, afirmou Ricardo Fernandes.
Segundo o JN, a mesma empresa teria sugerido outro tipo de material, mas a ANEPC considerou demasiado caro. A polémica não demorou: “Deveriam fornecer máscaras e não golas inflamáveis, que são a prova de que o programa é uma falácia. Nos testes que fizeram, estiveram sempre a GNR e os bombeiros. Mas nos cenários reais, as pessoas estão sozinhas e com esse tipo de proteções”, acusou João Paulo Saraiva, presidente da Associação de Proteção e Socorro.
Já Eduardo Cabrita, ministro da Administração Interna, ripostou que “ a notícia é irresponsável e alarmista” e que a distribuição das golas não põe em causa nem o programa nem a segurança das pessoas. E Patrícia Gaspar, a porta-voz da Proteção Civil, insistiu ainda, na SIC, que estes kits devem providenciar apenas “uma proteção ligeira, para usar em situações pontuais”, e que não haverá recolha do material.
O investimento total foram 328 mil euros, sendo 125 mil para as golas.