A nave acendeu uma luz de aviso e Charlie Duke, da base da NASA em Houston, confirmou as suspeitas: tinham apenas 60 segundos para aterrar. “OK. Trinta metros. Sessenta segundos. É melhor termos calma”, recorda ter dito, para si mesmo, Buzz Aldrin, astronauta na missão Apollo 11. A nave desceu cerca de 30 metros, nos 30 segundos seguintes. Segundo as estimativas, restava outro meio minuto de combustível para chegarem à superfície lunar. Só nesse momento é que Aldrin lembra sentir-se, pela primeira vez, realmente confiante. “Pensei, ah, nós conseguimos fazer isto”.
Os astronautas já tinham tido problemas, incluindo uma série de alarmes que se ativaram dentro da nave, algo que, por si só, os poderia ter forçado a abortar a missão. “O facto de o computador estar no processo de resolver o problema de aterragem e, ao mesmo tempo, termos o radar de aproximação ativado, isto contribuía para sobrecarregar ainda mais a operação do computador”. Quando a falha foi finalmente resolvida, ouviu-se um grito vindo de Houston: “Vão!”
A ordem vinda de Terra “tendeu a distrair um pouco”, confessa Aldrin. Estavam a uma altitude de cerca de 150 metros, Armstrong estava encarregue do controlo da aterragem da nave e “eu não queria incomodar o Neil a dizer: “Despacha-te, despacha-te!”, conta. Ninguém sabia como o módulo iria reagir e, em frente à nave descendente, estava uma grande cratera, que poderia ter provocado um desastre. “Nós aterrámos, e eu acho que a estimativa, não que alguém tenha colocado uma vareta no combustível para ver quanto sobrou, mas porque havia cálculos e informações a bordo, nós provavelmente tínhamos cerca de 15 segundos de combustível”, recorda o astronauta, sentado no Museu da Ciência, quase 50 anos depois, vestido com uma t-shirt na qual se pode ler: “Destination Mars” (Destino a Marte).
Numa entrevista ao The New York Times, Buzz Aldrin explica que cada vez que se “deitava no chão para dormir, podia ver a cabeça partida de um disjuntor. Era o disjuntor do braço do motor – aquele que precisava de estar ligado para conseguirmos eletricidade para ligar o motor de descolagem”. “Quando chegou o momento, disse que ia empurrar [o disjuntor para dentro] com uma caneta”.
“Descemos das árvores. Saímos das cavernas. Friccionámos dois paus um outro. Fizemos rodas. Tivemos automóveis. Depois decidimos que podíamos voar, como um pássaro. Sonhávamos com coisas no céu que eram misteriosas, coisas míticas, e desafiávamos-nos a colocar um humano na lua. Que desafio ousado, aquele que confrontava as pessoas na superfície da Terra. E como resultado desse desafio, dois homens conseguiram andar na superfície [da lua]. Isso é magnífico”, conclui.