O programa Irène Curie, adotado pela Universidade de Tecnologia de Eindhoven (TUE), e a começar já a 1 de julho, proíbe os homens de se candidatarem a empregos académicos permanentes, durante os primeiros 6 meses do processo de seleção. Se nenhuma candidata adequada for encontrada durante esse período, os homens poderão então candidatar-se. Contudo, nessa altura, o comité de recrutamento será obrigado a eleger pelo menos um candidato de cada sexo.
Esta medida aplica-se à totalidade das vagas existentes nos primeiros 18 meses; depois disso, a percentagem coberta por este regime será revista anualmente. Nos próximos anos, a universidade prevê oferecer 150 postos de trabalho e, deste modo, conseguir atingir um equilíbrio entre o número de homens e mulheres contratadas.
Robert-Jan Smits, presidente da TUE, explicou que “todos os tipos de medidas brandas são tomadas, e são feitas declarações de intenções, mas as estatísticas continuam a ser horríveis. Atualmente, 29% dos professores assistentes da TUE são mulheres; ao nível dos professores associados e titulares, cerca de 15% são mulheres. Com este programa, a TUE quer chegar aos 50% de professoras assistentes e associadas, e a 35% para professoras efetivas”. Apesar de Smits admitir que o programa discrimina os homens, considera que “durante anos, os homens têm discriminado as mulheres, e as mulheres não têm recebido o mesmo que os homens pelos mesmos trabalhos”. Por isso, “se não tomarmos medidas corajosas, as coisas não vão melhorar”.
Ao abrigo deste regime, as mulheres recém-chegadas terão direito a um programa de iniciação, especificamente concebido para elas, um esquema de tutoria especial, e a €100 mil adicionais para a sua própria linha de pesquisa.
“Atribuímos grande importância à igualdade de oportunidades e de respeito para mulheres e homens. Há muito que se sabe que uma força de trabalho diversificada tem um melhor desempenho. Conduz a melhores estratégias, ideias mais criativas e inovação mais rápida. É por isso que temos medidas em vigor, há anos, para aumentar a baixa percentagem de mulheres entre os nossos funcionários académicos, mas estamos a progredir muito lentamente. Estamos cientes que estamos a sofrer de um desequilíbrio implícito de género. Agora usamos o facto de os planos para expandir consideravelmente o nosso pessoal académico como um meio para dar um grande passo em frente de uma só vez”, explica o Reitor Frank Baaijens, num comunicado da Universidade.
Baaijens explica a escolha do nome Irène Curie, prémio Nobel da Química em 1935, filha da primeira mulher vencedora de um prémio Nobel, Marie Curie, e ativista pelos direitos das mulheres na educação e na ciência, devido a tratar-se de um “símbolo da próxima geração de (profissionais) académicas” que a instituição pretende atrair através do programa.