Andrés Manuel López Obrador, recentemente eleito presidente do México, confirmou que dezenas de carros de luxo apreendidos a políticos e gestores envolvidos em casos de corrupção, vão ser leiloados e o dinheiro obtido reverterá para projetos sociais.
São no total 82 veículos com uma avaliação combinada de quase 1 milhão de euros. Entre eles estão um Lamborghini Murciélago, um Ford Shelby, um Corvette vermelho, um Hummer de 2009, uma coleção de SUVs à prova de bala e, para um licitante menos extravagante, um Volkswagen Beetle de 29 anos.
O leilão será realizado em Los Pinos, uma antiga residência presidencial na Cidade do México, recentemente convertida num centro cultural.
Ricardo Rodríguez Vargas, diretor do recém-criado Instituto de Devolução de Bens Roubados ao Povo, descreveu o leilão como uma tentativa de acabar com o sistema “inverso ao de Robin Hood”, no qual “as coisas são tiradas ao povo e entregues a corruptos”, e prometeu: “Nunca mais. Agora, as ordens são para devolver esses bens ao povo – que são os legítimos proprietários – de forma rápida, clara e transparente”.
O presidente mexicano também se comprometeu a devolver “tudo o que foi confiscado às comunidades, sobretudo às comunidades pobres do país” e convidou “todos a participar”.
Dois outros leilões – de casas de luxo e joias – estão agendados para as próximas semanas.
Contudo, alguns críticos veem o leilão como pouco mais do que uma manobra de diversão e consideram que existe pouca substância nos votos de López Obrador para erradicar a corrupção. “Pão e circo”, escreveu o senador da oposição, Javier Lozano, no Twitter, ao lado de uma fotografia de um dos Lamborghinis do leilão.
A promessa de López Obrador de “purificar” a política mexicana entusiasmou vários eleitores, o que resultou na sua vitória esmagadora nas últimas eleições. Seis meses após o início do seu mandato de seis anos, as sondagens revelam uma taxa de aprovação de cerca de 70 por cento.
Muitos dos seus críticos comparam-no a Trump e Hugo Chávez, declarando-o um “demagogo perigoso” que não respeita as normas democráticas, uma vez que se recusou por duas vezes aceitar as derrotas nas eleições gerais, alegando fraude e compra de votos em massa.