A “febre” do Pokémon foi algo que teve tanto impacto numa geração que ainda hoje existem muitas pessoas que 23 anos depois do lançamento do jogo se lembram do nome das 151 criaturas que compunham o plantel do primeiro jogo, ainda no Game Boy, da Nintendo.
Agora, uma equipa de investigadores detetou a secção do cérebro que torna esta habilidade possível.
O estudo, publicado na revista científica Nature Human Behavior, foi conduzido por neurocientistas da Universidade de Stanford, Califórnia, EUA, que recrutaram dois grupos distintos: o primeiro composto por 11 indivíduos que conheciam bem as criaturas animadas e um segundo grupo, também de 11 pessoas, que não estava familiarizado com as personagens.
Os testes consistiam em mostrar fotos de pokémons e de outras personagens ou pessoas. Quando o grupo de antigos jogadores via imagens de pokémons, era possível observar uma atividade mais intensa nessa região do cérebro, o suclo occitemporal.
A escolha dos pokémons para este estudo não foi por acaso, explicou o coautor do estudo Jesse Gomez: “Passei quase tanto tempo a jogar este jogo como a ler, pelo menos quando tinha seis ou sete anos.”
“É o exemplo perfeito para a nossa geração: todos vimos as mesmas imagens (pokémons a preto e branco que não se moviam) e a maioria tinha o Game Boy mesmo à frente da cara. Era o ideal para esta experiência.”
Quando o cérebro se está a desenvolver, o nosso cortex visual não é influenciado pelo tamanho ou forma das coisas, mas sim pela localização no campo da visão e pelo tamanho que ocupa.
Neste caso, os cientistas descobriram que é essa a razão pela qual toda a informação dos pokémons está armazenada num local tão específico.
“Esta descoberta sugere que a experiência visual da infância molda a arquitetura funcional do córtex visual de alto nível, resultando numa representação única cuja topografia espacial é previsível”, concluem os autores.
Isto não quer dizer que as pessoas que desenvolveram o cérebro desta maneira peculiar tem habilidades especiais ou que os pais tenham que proibir os filhos de jogar estes jogos (muitos dos participantes no estudo não mostraram qualquer tipo de problemas causados pelo jogo e tinham o grau de doutoramento). Apenas quer dizer que, quando o cérebro se está a desenvolver, armazena essa informação numa área muito específica.