Chamam-se Westley, Waffle e Gus e ganharam estatuto de heróis este domingo, depois de guiarem o presidente e CEO da Guiding Eyes for the Blind, até ao fim da meia maratona novaiorquina. Desde esse momento, Thomas Panek tornou-se o primeiro cego a completar a corrida com cães-guia. Já os três Retriever, que se revezaram ao longo dos 13 quilómetros do percurso, passaram a ser primeiros atletas de quatro patas a participar na prova. “Somos verdadeiramente uma equipa”, declarou Panek, que demorou apenas duas horas e 21 minutos a cruzar a meta.
Corredor ávido desde muito jovem, Panek, 48 anos, perdeu a visão quando já tinha vinte anos – e isso fez com que não tivesse qualquer intenção de desistir daquele desporto. Acompanhado por vários voluntários, que foram seu guias durante as corridas, conseguiu chegar ao fim de uma vintena de maratonas.
No entanto, o seu grande desejo era fazê-lo na companhia dos seus cães-guia. “Não fazia qualquer sentido para mim sair e deixá-los para trás, sobretudo por saber que eles também adoram correr”, reconheceu o maratonista.
Não foi fácil: todos os conceituados treinadores daqueles animais lhe diziam que eles são ensinados a manter os cegos em segurança e não a acompanhá-los em corridas de estrada. Panek não desistiu e, em 2015, criou o programa ‘Running Guides’, o primeiro do género na sua Guiding Eyes for the Blind, uma escola sem fins lucrativos que treinou cães-guia para deficientes visuais durante décadas.
Mas dos 24 que terminaram o programa, e dos outros doze que estão a meio da formação, apenas um punhado é recrutado para este ‘Running Guides’, que requer um nível mais rigoroso de aptidão e disciplina: afinal, correr uma maratona representa um desafio único porque os cães têm de ‘navegar’ por uma série de mudanças no terreno, ao mesmo tempo que têm de se abstrair das distrações da cidade e do ruído.
Por isso, quando chegou a hora de escolher a sua equipa, Panek escolheu a dupla de irmãos Waffle e Westley, a que juntou Gus, o seu companheiro de longa data. “O vínculo é importante. Uma pessoa não pode simplesmente equipar-se e desatar a correr”, disse ainda o conhecido atleta.
Treinaram durante meses, fizesse chuva ou sol. Quando chegou o dia da corrida, este domingo, estavam a postos. Gus, o cão-guia de longa data de Panek, foi o escolhido para correr os últimos cinco quilómetros e se apresentar ao lado do dono na linha de chegada ao Central Park.
”Emocionei-me muito porque ele tem estado comigo o tempo todo”, confessou o maratonista – ao mesmo tempo que espera que o seu exemplo inspire outras pessoas com deficiência a desafiar os limites e ir para lá do que lhes dizem que é possível. “Correr com o nosso cão é maravilhoso.”