A análise de 53 núcleos de gelo permitiu a cientistas da NASA e do British Antarctic Survey, o organismo britânico que se dedica à Antártida, concluir que há uma alteração “significativa” na massa de gelo na região, consequência de um aumento da queda de neve durante o século XX, o que mitigou a subida do nível da água do mar.
A massa de gelo adicional, no entanto, só compensa cerca de um terço da perda geral, com a maior contribuição a verificar-se na Península Antártica, onde a queda de neve média anual durante a primeira década do século XXI foi 10% superior à do mesmo período do século XIX. “A taxa atual de queda de neve é invulgar no contexto dos últimos 200 anos”, sublinha Liz Thomas, investigadora britânica envolvida no projeto.
Mas embora este aumento na queda de neve possa parecer uma contradição face às observações da perda de massa de gelo no oeste da Antártida (que contribui para cerca de 14% do aumento da nível da água do mar a nível global), os cientistas explicam que não e porquê.
“As nossas descobertas não significam que a Antártida está a crescer: continua a perder massa, mesmo com a queda de neve extra”, afirma a principal autora do estudo publicado no Nature Climate Change, Brooke Medley, do Goddard Space Flight Center da NASA. “O que significa é que, sem estes ganhos, teríamos tido um aumento do nível da água do mar no século XX ainda maior”, conclui.
Mas como neva mais quando a grande preocupação mundial é o aquecimento do planeta? A equipa esclarece que tanto o aumento da queda de neve propriamente dito como o seu padrão de distribuição são consistentes com uma atmosfera mais quente, que contém mais humidade, em combinação com alterações nos ventos árticos circumpolares, relacionadas com o buraco do ozono.