Sandra Malcolm ficou grávida enquanto trabalhava como rececionista da Schering, agora propriedade da Bayer, em Inglaterra, em 1971. À Sky News, recorda que um médico que trabalhava para a empresa lhe disse que não podia prescrever-lhe Primodos porque “podia não funcionar e causar deformidades”.
Em março do ano passado, uma investigação de seis anos da cadeia britânica de informação revelava que milhares de bebés podiam ter sofrido malformações provocadas por um medicamento tomado pelas mães durante a gravidez, no Reino Unido, durante os anos 60/70. Agora, um estudo da Universidade de Oxford confirma que o medicamento, composto por dois comprimidos, e que teria como objetivo induzir o aparecimento da menstruação em mulheres que não estivessem grávidas, encontrou “uma associação clara” com vários tipos de malformação.
Carl Heneghan, professor de “Medicina baseada na evidência” liderou uma revisão sistemática de todos os estudos anteriores sofre os efeitos em humanos do acetato de noretisterona, um composto sintético de progesterona que têm como função inibir a ação do estrogénio, e do etinilestradiol, um tipo de estrogénio, as duas substâncias ativas do Primodos.
“Há uma associação clara a todas as malformações congénitas mas também a malformações mais específicas: cardíacas, musculoesqueléticas, neurológicas e neurogenéticas. Há uma associação significativa”, resumiu Heneghan, em entrevista à Sky News.
O estudo é publicado um ano depois de um relatório pedido pelo governo a um grupo de peritos, e supervisionado pelo regulador britânico dos medicamentos, ter concluído que não havia provas suficientes para demonstrar uma associação causal. Na altura, uma investigação da Sky News afirmou que alguns aspetos do relatório tinham sido apagados.