Os aspirantes a cirurgiões passam tanto tempo com um ecrã à frente e tão pouco tempo a usar as mãos – a não ser os movimentos limitados no ecrã – que perderam destreza. Roger Kneebone, professor de cirurgia, mostrou-se preocupado, em declarações à BBC, alertando que os alunos podem ter notas académicas altas mas depois não conseguirem abrir nem cozer um paciente. Uma preocupação que garante ser partilhada pelos seus colegas.
“É um assunto importante e cada vez mais urgente”, considera.
O professor sugere que os alunos de cirurgia passem a ter disciplinas mais ligadas à criatividade e à arte, que os ajudem a aprender a usar as mãos.
“Muitas coisas são reduzidas a movimentar o dedo num ecrã plano e bidimensional”, lembra, enquanto argumenta que isso retira aos jovens a experiência de lidar com materiais e desenvolver a habilidade física.
Na ausência dessa experiência de usar as mãos para tarefas como cortar tecido, medir ingredientes, arranjar alguma coisa partida, trabalhar a madeira ou pegar num instrumento – como era comum aprender-se na escola ou em casa – os estudantes tornaram-se “menos competentes e menos confiantes” ao usar as mãos.
Roger Kneebone falou à BBC antes de participar na apresentação de um relatório da Edge Foundation, esta terça-feira, que pede a inclusão de mais criatividade nos currículos escolares.