No fim do mês passado, um estudo realizado pela Deco com trabalhadores portugueses revelou que um terço dos profissionais estão em risco de burnout, isto é, esgotamento.
Vários estudos têm associado o excesso de trabalho a vários problemas de saúde física e mental que vão, consequentmente, influenciar o tempo de vida. É importante, por isso, saber equilibrar o número de horas de trabalho com a vida pessoal, para se consiguir aumentar a longevidade e melhorar a saúde. Aqui ficam quatro vantagens de trabalhar menos, de acordo com várias investigações.
1. Menos stress
Trabalhar muitas horas seguidas provoca stress e tem impacto negativo na saúde mental, aumentando o risco de sintomas depressivos. Um estudo britânico de 2011, publicado pela revista científica Psychological Medicine e que envolveu trabalhadores a tempo integral, deu conta de que trabalhar mais de 55 horas por semana levou a sintomas de depressão e ansiedade a quase 3 mil pessoas com idades entre os 44 e os 66 anos.
“Foi observado um risco 1,66 vezes maior de sintomas depressivos e um risco 1,74 vezes maior de sintomas de ansiedade nos profissionais que trabalham mais de 55 horas por semana, em comparação com aqueles que trabalham entre 35 e 40 horas semanais”, diz à CNN Christian Benedict, investigador do Departamento de Neurociência da Universidade de Uppsala, na Suécia.
“Se trabalha o dia todo, não consegue focar-se nas suas preocupações até ir para a cama e só quando for dormir é que vai ter tempo para pensar nisso, que é uma das piores coisas que pode fazer porque vai prejudicar o sono”, afirma Christian Benedict.
Um revisão de vários estudos, publicada em 2015 na revista científica British Medical Journal, descobriu ainda que o consumo de álcool podia aumentar para níveis considerados de risco entre adultos que trabalham mais de 48 horas, relativamente aos que trabalham menos.
2. Poder dormir mais
Durante o sono, ocorre um processo biológico em que hormonas específicas são libertadas com o objetivo de reparar células para que o corpo e o cérebro funcionem adequadamente. “Enquanto dorme, partes do cérebro recuperam e estão envolvidas na tomada de decisões, diminuição do stress, aprendizagem, planeamento, vigilância e controlo de impulsos”, defende o mesmo investigador.
Quando o cansaço é extremo por excesso de horas de trabalho e por falta de sono, a produtividade e eficiência no trabalho diminuem e a probabilidade de ter algum acidente de carro ou haver erros médicos aumenta.
Dormir menos do que o recomendado também tem sido associado a um aumento do risco de morte prematura. Um estudo de 2007 que envolveu mais de 10 mil funcionários públicos britânicos, deu conta de que aqueles que reduziam tempo de sono de sete para cinco ou menos horas tinham quase o dobro da probabilidade de morrerem por todas as causas, principalmente devido a doenças cardiovasculares.
De acordo com os investigadores, o aumento do risco de doenças cardiovasculares também está ligado a demasiadas horas de trabalho. É importante, por isso, dormir as horas suficientes e ter um sono de qualidade, para prevenir este tipo de problemas e, ao mesmo tempo, para que o trabalho seja mais produtivo.
3. Mais saúde cardíaca
Um estudo observacional, publicado em 2012 na revista científica American Journal of Epidemiology e que analisou 12 estudos publicados anteriormente, indica que há um aumento de 40% no risco de doenças cardíacas entre adultos que trabalham mais de 50 horas por semana, ou mais de 10 horas por dia.
Segundo uma investigação americana publicada pelo Journal of Occupational and Environmental Medicine, em 2016, e que analisou dados de mais de 7 mil pessoas recolhidos entre 1978 e 2009, deu conta de que as mulheres que trabalham, em média, 60 horas ou mais semanalmente, durante um período de 32 anos, têm um risco elevado de diabetes, cancro de pele, doenças cardíacas e artrite.
4. Mais tempo livre para fazer o que gosta
Se começar a trabalhar menos, o seu tempo pode ser dedicado a fazer exercício físico, a ler um livro ou até a fazer companhia às pessoas de quem gosta.
Um estudo de 2012 publicado pela revista científica Journal of the American Medical Association descobriu que, entre mais de 1500 pessoas com mais de 60 anos, a solidão era um fator que acelerava o declínio cognitivo e aumentava o risco de morte precoce. De todos os participantes, 43% foram classificados como solitários e, entre estas pessoas, 22,8% morreram durante o período do estudo, seis anos.
Passar mais tempo com a família pode ajudar a combater a solidão e a aumentar, por isso, a longevidade.