Quando a onda a atingiu, a mulher começou a ter dores de cabeça e no pescoço. Mas duas semanas depois do que poderia ter sido apenas um passeio rotineiro na praia, cuja localização não é identificada, surgiram novos sintomas: as pálpebras começaram a descair e as pupilas tinham um tamanho diferente.
Já no hospital, os primeiros exames revelaram que uma das artérias que fornece sangue e oxigénio ao cérebro tinha uma rutura. Os médicos acabaram por lhe diagnosticar a rara síndrome de Horner, causada por uma lesão dos nervos faciais, e que se traduz na queda da pálpebra, na contração da pupila e diminuição da transpiração no lado da cara afetado.
Na descrição do caso, publicada no BMJ Case Reports, lê se que, tirando o facto de ter movimentos oculares involuntários, a paciente parecia bem. Só depois de uma ressonância magnética se descobriu que a sexagenária tinha uma dissecação da artéria carótida (DAC), que ocorre quando uma lesão faz com que as camadas vasculares se separem e o sangue se desvia para o local. Quando isto acontece, o oxigénio não chega ao cérebro e o paciente fica em risco de AVC.
Apesar de 40% das DAC se deverem a uma situação de trauma fisico, Etimbuk Umana, um dos médicos que relata o caso, sublinha que nunca tinha ouvido falar de uma onda como causa do problema.
Seis meses depois, o cérebro da paciente tinha recuperado totalmente, com exames pelo meio a revelarem que os coágulos na artéria estavam a resolver-se por si mesmos, sem necessidade de tratamento.