Os investigadores da Cancer Research – organização britânica que se dedica à investigação sobre o cancro – tinham como objetivo encontrar novas formas de reforçar os avisos sobre o tabagismo e propuseram-se avaliar a reação dos participantes num novo estudo a cigarros concebidos para serem o menos apelativos possível.
A investigação, publicada no jornal Nicotine and Tobacco Research, foi feita online em setembro de 2015 e contou com cerca de mil jovens britânicos, fumadores e não fumadores, entre os 16 e os 24 anos, a quem eram apresentadas diversas imagens: Algumas de cigarros brancos convencionais, outras de cigarros brancos com mensagens de “fumar mata” e também de cigarros com a mortalha e o filtro verdes. Mais especificamente, o verde que, em 2016, foi considerada “a cor mais feia do mundo” e passou a ser utilizada, desde maio deste anos, nos maços de tabaco à venda no Reino Unido.
Aos participantes foi pedido que que classificassem os 3 tipos de cigarros consoante a probabilidade de os experimemtarem.
Tanto os fumadores como os não fumadores, consideraram que os dois cigarros dissuasivos (com a mensagem de aviso e com o papel verde) menos chamativos do que os cigarros tradicionais e menos propícios a encorajar jovens não fumadores a experimentar. Entre o estilo do cigarro e o estado de tabagismo, ou a suscetibilidade ao tabagismo entre os não fumadores, não foi encontrada nenhuma relação significativa. O estudo concluiu que “a criação de cigarros dissuasivos pode ajudar a reduzir o desejo de fumar”.
George Butterworth, gestor de políticas da Cancer Research, diz que “é necessário continuar a explorar formas inovadoras para desviar os jovens do tabagismo e assegurar que as taxas de tabagismo juvenil continuam a descer.” Citado pelo The Independent, George acrescenta que “a investigação mostra que técnicas como esta de tornar os cigarros menos apelativos podem ser eficazes” na redução das taxas de tabagismo.
Também o autor do estudo e cientista fundador da Cancer Research, Crawford Moodie, considera que a investigação se revelou bastante relevante porque “mostra que os cigarros são uma ferramenta muito importante na comunicação do tabaco e alterar a aparência, com um aviso à saúde ou uma cor pouco apelativa, pode torná-los menos desejáveis. Aqueles que começam a fumar na juventude são mais propensos a continuar a fumar na vida adulta por isso tudo o que possa dissuadi-los de experimentar ajuda a evitar repercussões mais tarde”.
Portugal tem 1.780.490 milhões de fumadores com idade igual ou superior a 15 anos. Segundo o Inquérito Nacional de Saúde (INS) referente a 2014 na população residente em Portugal, 27,8% dos homens eram fumadores e 13,2% das mulheres. A acrescentar a estas conclusões, o relatório do Programa Nacional para a Prevenção e Controlo do Tabagismo constatou que em 2016, o tabaco matou uma pessoa a cada 50 minutos em Portugal. Só nesse ano, morreram no nosso país mais de 11.800 pessoas devido a doenças atribuíveis ao tabaco. Ainda assim, registou-se uma diminuição na percentagem de fumadores desde 1990 e, só este ano, as consultas de cessação tabágica já aumentaram 25%.