Foi depois de ter tido uma inundação à saída da garagem do prédio onde morava, no Porto, que Ricardo Carvalho percebeu o trabalho que dá apurar quem são as entidades responsáveis por pequenos problemas como este. Licenciado em Marketing e Gestão, Ricardo engendrou a aplicação Juntar a Junta para os cidadãos e um software para as juntas de freguesia, com a ajuda do programador Rui Couto e, mais tarde, de Rita Maia. “A aplicação Juntar a Junta quer criar comunidades mais ativas e conscientes”, explica o jovem de 28 anos, natural de Braga, onde, por enquanto, atuam com mais força.
Desde abril já têm registados dois mil utilizadores ativos em todo o País e 750 sugestões, que são muitas vezes reclamações. “As informações são variadas e estão divididas por categorias, desde iluminação pública, arranjos de passeios, animais abandonados, mobilidade, entre outras. Neste momento temos 20 categorias ativas, mas até ao final da semana vão ser reduzidas a nove para uma utilização mais fácil”, explica Ricardo.
No início, a equipa sabia que as habituais estradas e pavimentos em mau estado, a precisar de reparação, seriam o problema mais falado, mas foram surpreendidos com o top 3 dos principais problemas até agora reportados entidades de administração local. Em primeiro lugar, as árvores em perigo de queda e as zonas de mata que precisam ser limpas; depois a recolha de lixo, especificamente na freguesia de Benfica, em Lisboa, com muitas chamadas de atenção; e, por fim, automóveis abandonados em freguesias dos arredores dos centros urbanos.
A atuarem com mais força em uma dezena de freguesias de Braga, outras 25 já estão a testar o software capaz de fazer a gestão dos pedidos, responder diretamente às pessoas, enviar notícias e gerir os problemas em conjunto com as outras entidades responsáveis. Um mês passado sobre as eleições autárquicas e com a maioria das tomadas de posse das novas equipas das câmaras municipais e juntas de freguesia concluídas, Ricardo Carvalho vai agora começar a contactar as juntas de freguesia. Os utilizadores que tiverem dúvidas sobre a que junta pertencem, podem ficar descansados, pois através das coordenadas GPS do report cruzam informações para chegar à junta certa.
Até ao fim do ano esperam chegar às 45 juntas e, em 2018, ambicionam uma centena de organismos locais. As estimativas apontam para os dez mil utilizadores já em fevereiro próximo. Mas a internacionalização da aplicação e do software também faz parte dos planos destes jovens. “A América do Sul, principalmente o Brasil, é um mercado a crescer bastante, com áreas urbanas muito complexas, com alta densidade populacional e com uma grande falha entre as estruturas políticas e os cidadãos a quem queremos dar uma voz mais ativa e interventiva.”