Trata-se de um daqueles softwares que levanta as mais sérias dúvidas éticas e que, nas mãos erradas, poderia pôr em causa a privacidade de muitas pessoas relativamente à sexualidade. A verdade é que, através de uma simples fotografia, um algoritmo computacional pode descobrir a sexualidade de cada pessoa.
Uma investigação de Michal Kosinski e Yilun Wang da Universidade de Stanford revelou que, através de um sistema de inteligência artificial (inteligência exibida por mecanismos ou software) é possível detetar a orientação sexual ao analisar os rostos das pessoas.
O estudo, que foi publicado esta sexta-feira, contou com mais 130 mil imagens de cerca de 37 mil homens e mais de 170 mil imagens de cerca de 39 mil mulheres que foram publicadas num popular site de encontros americano. Foi utilizada uma tecnologia básica de deteção facial de forma a selecionar as imagens que serviam para a análise. Após a seleção restaram mais de 35 mil fotografias de homens e mulheres.
De seguida as fotografias foram inseridas num software, VGG-Face. O próximo passo passou por utilizar um modelo preditivo simples, conhecido como regressão logística, de forma a que fossem encontradas correlações entre as caraterísticas das fotografias e a sexualidade dos seus proprietários.
Quando foram selecionadas duas fotos aletoriamente de um homem homosexual e outro homem heterosexual, o modelo fez a distinção correta 81% do tempo. Quando foram introduzidas cinco fotografias o modelo foi ainda mais bem sucedido: escolheu corretamente 91% do tempo. Relativamente às mulheres os valores foram mais baixos: 71% de precisão numa fotografia e 83% de precisão após cinco fotografias. Em ambos os casos o nível de desempenho ultrapassada a capacidade humana de fazer essa distinção. Com as mesmas fotografias, as pessoas apresentaram um desempenho muito pior do que o algoritmo: 61% de precisão para os homens e 54% para as mulheres.